FHC critica "black bocks" e diz que sociedade quer mais "decência"
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participou na noite desta quarta-feira (16) de um seminário sobre os 25 anos da Constituição, disse que, apesar dos avanços alcançados desde a edição da Carta, a sociedade brasileira quer mais decência.
"Eu acho que os movimentos sociais que estão hoje mostram que a sociedade, apesar de tudo que avançamos, quer mais. Quer mais decência, palavra que gosto de usar, quer mais decência", disse.
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Apesar disso, FHC destacou que é preciso ter cuidado com as formas de luta usadas na tentativa de se melhorar as condições sociais. Neste contexto, criticou o movimento black blocs, um dos responsáveis por depredações desde as manifestações de junho.
"O risco é o que estamos assistindo. Movimentos descontrolados, como esses "black blocs", e formas de reação que não são adequadas", disse.
Sergio Lima/Folhapress | ||
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participa de cerimônia de abertura de um congresso sobre direito constitucional |
O ex-presidente também chamou a atenção para a necessidade de ações mais rápidas do governo para responder a demandas sociais. Segundo ele, isso é preciso ser feito dentro de um equilíbrio para impedir que a celeridade não se transforme em autoritarismo.
"A sociedade está clamando para que algumas soluções mais rápidas sejam oferecidas. E a rapidez é um perigo sempre quando confundida com autoritarismo. Tem que se combinar a necessidade da rapidez, a possibilidade da comunicação imediata, a demanda imediata, a pressão imediata e regras para que a democracia se mantenha".
Palestrante inaugural do evento sobre a Constituição realizado por uma universidade de Brasília, o ex-presidente falou que a Carta de 88 foi "impecável do ponto de vista democrático". "Muitos criticaram dizendo que ela dá direitos e não deveres, mas isso é da essência das constituições".
Sobre os problemas do texto, ele citou a economia, uma vez que a Constituição é de 1988, feita um ano da antes da queda do muro de Berlim. Para FHC, o pensamento mais restrito à economia de mercado global afetou a Carta. "Mas não houve paralisação pois conseguimos fazer emendas", comentou.
Ele também destacou que ela permitiu a judicialização da política, algo que, em sua opinião, precisará ser revisto para a colocação clara de limites. "Houve judicialização da política e chegará um momento que vamos ter que acertar qual o limite disso", pontuou.
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