Instalada há 42 dias, CPI da Petrobras patina no Congresso
Instalada há 42 dias, a CPI mista da Petrobras ainda não começou a apurar a fundo as denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela estatal.
Além de o governo não ter interesse em ampliar as investigações, parte dos congressistas do DEM e PSDB, que integram a oposição, não quer ampliar a crise na estatal em ano eleitoral.
Oficialmente, o bloco de oposição afirma que sofre boicote do governo e que quer aprofundar as investigações.
Na prática, porém, deputados e senadores tucanos e do DEM temem atingir empresas ligadas à Petrobras –algumas delas, tradicionais financiadoras de campanhas de políticos de todo o espectro partidário, que vão disputar as eleições de outubro.
Há 393 requerimentos à espera de votação pela CPI mista que não foram analisados nas últimas reuniões da comissão de inquérito. Nesta quarta-feira (9), a sessão também foi cancelada. O prazo inicial da CPI, que foi instalada em 28 de maio, é de 180 dias, mas ele pode ser prorrogado.
Até o momento, governistas adotam a estratégia de não garantir quórum suficiente para a análise dos pedidos de quebras de sigilo e convocações, enquanto membros da oposição também não se esforçam para mobilizar "dissidentes" para acelerar as investigações.
Divulgação/Clui.org | ||
Vista aérea da Refinaria de Pasadena, no canal de Houston, no Texas |
"Talvez esse jogo não seja de governo ou oposição. Tem também gente da oposição que não quer que as coisas sejam investigadas", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que integra a CPI mista.
boicote
Nas últimas sessões, aliados da presidente Dilma Rousseff não registraram propositalmente as presenças na comissão mista para evitar as votações, mesmo estando presentes no Congresso.
O Palácio do Planalto teme que as investigações atinjam a presidente Dilma, que presidia o Conselho de Administração da Petrobras quando a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, foi autorizada.
A ordem no governo é impedir a aprovação de qualquer requerimento que seja prejudicial a Dilma ou que tenha combustível para alimentar manchetes na imprensa durante a campanha.
Outra estratégia é manter em funcionamento a CPI da Petrobras exclusiva do Senado, que toma depoimentos somente com a presença de governistas –esvaziando falas de convocados que chegam depois à CPI mista.
A oposição abandonou a comissão do Senado com o argumento de que a mista é a única com poderes para apurar as denúncias.
PRESIDENTE ALIADO
Fiel aliado da presidente Dilma, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) preside as duas comissões de inquérito simultaneamente.
Vital nega uma operação para abafar as investigações e atribui o fraco calendário de votações à realização da Copa do Mundo e às eleições, embora nos bastidores seja responsável por orquestrar o lento ritmo das CPIs.
"A Copa levou o Congresso a adotar um calendário especial. Depois do futebol, teremos o debate eleitoral, mas espero que o Legislativo retome suas atividades semi-normais depois da Copa", disse.
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