Análise: Governo e oposição saem da Copa ainda numa situação de zero a zero
A Copa foi uma gangorra para o humor dos brasileiros. O clima antes do evento era de incerteza. Com o início do mundial, imagens de protestos foram substituídas pelas festas das vitórias e pela confraternização com turistas.
Segundo o Datafolha, após a vitória da seleção contra o Chile, Dilma esboçou uma reação. A humilhação contra a Alemanha, a derrota para a Holanda e o fim do torneio reverteram parte desse ânimo.
O orgulho com a seleção brasileira desabou e a avaliação positiva sobre a organização da Copa também sofreu queda, suficiente para voltar a dividir a opinião pública sobre o sucesso do evento.
A oposição, porém, não foi beneficiada pelo quadro. Praticamente estáveis, os candidatos veem novamente a taxa de indecisos crescer, especialmente no termômetro das respostas espontâneas. O saldo do evento na corrida presidencial pode ser considerado um empate sem gols entre governo e oposição.
O segundo tempo dessa disputa começa com a exposição dos candidatos na mídia a partir de agora. Entrevistas, sabatinas, debates e, em breve, o horário eleitoral gratuito passam a canalizar as atenções.
Essa indefinição de boa parte do eleitorado é oportunidade para a comunicação de planos e apresentação de alternativas. O discurso deve ser claro, factível e inovador. A política tradicional não é bem-vinda.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Ruídos podem gerar mais confusão e indecisão entre os eleitores. Prova disso são as oscilações nervosas nas curvas de expectativas dos vetores econômicos e que no último mês acompanharam muito mais as variações de humor dos brasileiros ao longo da Copa do que propriamente a divulgação de indicadores negativos sobre a economia.
O descolamento fica mais evidente quando se observa que 70% dos que hoje têm trabalho não enxergam a possibilidade de serem demitidos, maior otimismo desde março de 2013.
Um diagnóstico preciso das demandas dos diversos estratos do eleitorado é fundamental. O ranking de insatisfação da população elaborado pelo Datafolha com base em pesquisa feita em São Paulo no último mês de junho, por exemplo, dá pistas de como anda a vida na maior cidade do país –cidadãos extremamente inseguros por conta da violência urbana, que gastam boa parte de suas rotinas em atividades que não geram realização profissional ou financeira e em meios de transporte de baixa qualidade.
Há pouco tempo livre para o lazer e as perspectivas de um futuro melhor são pessimistas. Não é por acaso que um terço dos eleitores de cidades grandes permanece sem candidato para presidente, mesmo quando os nomes são apresentados. A adequação do diálogo com esse eleitor desconfiado, que dê conta desse roteiro determinará se a disputa vai ou não para a prorrogação.
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