'Lamento a campanha do medo', diz Padilha sobre carta do Santander
Em sua primeira visita ao interior de São Paulo como candidato ao governo do Estado, Alexandre Padilha (PT) disse nesta sexta-feira (25) lamentar a carta enviada pelo Santander aos clientes de alta renda do banco afirmando que o eventual sucesso eleitoral da presidente Dilma Rousseff irá piorar a economia nacional.
"Eu lamento, como também lamentava a campanha difamatória que se fez contra a Copa e nós vimos a bela Copa que fizemos", disse o candidato petista em Campinas (a 93 km de SP).
"Já vimos essa história outras vezes", disse Padilha, em referência às campanhas presidenciais de 1989 e 2002. "Eu me lembro da campanha de 89, da declaração de um ex-presidente da Fiesp [federação das indústrias de SP] que, se o Lula fosse presidente da República, sairiam vários empresários do país. Depois, em 2002, foi a campanha do medo."
"Eu lamento qualquer campanha do medo. Tenho certeza absoluta que a esperança vai vencer o medo e o ódio mais uma vez", disse o candidato, se referindo à vitória de Lula em 2002.
Neste mês, o Santander enviou análise a clientes de renda mensal superior a R$ 10 mil em que diz que, se Dilma melhorar nas pesquisas de intenção de voto, os juros e o dólar vão subir e a Bolsa, cair.
O texto, com o título "Você e seu dinheiro", foi impresso na última página do extrato dos clientes e afirma que um cenário eleitoral favorável à petista reverterá "parte das altas recentes" na Bolsa.
O informe contém uma análise que já frequentava o mercado financeiro brasileiro de forma difusa, mas nunca de maneira institucional por um grande banco.
A informação foi divulgada pelo blog de Fernando Rodrigues nesta sexta-feira (25).
1989 E 2002
Na menção a 1989, Padilha se referia ao empresário Mário Amato, que deu entrevista dizendo que 800 mil empresários deixariam o Brasil se Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse naquele ano.
Em 2002, quando o mercado financeiro novamente ficou apreensivo com uma possível vitória de Lula, houve outra polêmica além da "campanha do medo".
O analista Daniel Tenengauzer, do banco Goldman Sachs, chegou a inventar o "lulômetro", que previa a cotação futura do dólar caso o petista fosse eleito. Tenengauzer acabou repreendido pelo banco, que considerou "leviano" e de "mau gosto" o nome de seu modelo matemático.
OUTRO LADO
De capital espanhol, o Santander é o quinto maior banco e o primeiro estrangeiro em atuação no Brasil. Fica atrás de Banco do Brasil, Itaú, Caixa e Bradesco. Em 2000, massificou sua operação de varejo ao comprar o Banespa, o antigo banco estatal que pertenceu ao governo paulista.
O Santander confirmou a autenticidade do documento. Em nota, disse adotar critérios "exclusivamente técnicos" em suas análises econômicas, "sem qualquer viés político ou partidário".
O banco reconhece que o texto enviado a seus clientes "pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz" (de análises técnicas). A instituição pediu desculpas aos correntistas e informou que adotará providências internas.
Abaixo, a íntegra da nota do Santander:
"O Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna 'Você e Seu Dinheiro', no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação."
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