Fadiga de pilotos pode ter contribuído com acidente, diz sindicato
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa pilotos, vai encaminhar uma denúncia ao Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) de que os pilotos que transportavam o presidenciável Eduardo Campos poderiam estar trabalhando acima do limite de jornada permitido por lei.
Segundo Marcelo Ceriotti, presidente do SNA, o sindicato recebeu na manhã desta quarta-feira (13) uma denúncia de pessoas próximas aos pilotos Geraldo Cunha e Marcus Martins, que estavam no comando do jato bimotor Cessna 560XL que se acidentou em Santos. De acordo com os relatos, a rotina de trabalho no avião não respeitava a legislação.
"Piloto não pode trabalhar cansado e a fadiga pode ter sido um dos fatores contribuintes para esse acidente", afirma Ceriotti.
"De acordo com a denúncia que recebemos, neste período de campanha eleitoral, os pilotos da empresa proprietária do avião estavam trabalhando acima do período regulamentar, de 11 horas, e sem o respeito ao período de descanso obrigatório."
A aeronave era registrada para uso privado e pertence à AF Andrade Emprrendimentos e Participações.
ACIDENTE
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, morreu na manhã desta quarta-feira (13) quando o avião em que voava com assessores caiu sobre um prédio em Santos (SP).
Campos tinha 49 anos e estava em terceiro lugar na corrida presidencial. Tinha 8% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha. Ex-governador de Pernambuco e ex-ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula, era considerado um dos políticos mais promissores de sua geração.
A ex-senadora Marina Silva (PSB), candidata a vice-presidente, é a cotada para assumir seu lugar na cabeça da chapa. O partido terá dez dias para decidir e anunciar a substituição.
A presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição pelo PT, e o candidato do PSDB, Aécio Neves, cancelaram suas agendas ao receber a notícia.
As causas do acidente ainda não foram confirmadas pela Aeronáutica. O avião Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, voava do aeroporto Santos Dumont, no Rio, para a base aérea do Guarujá (SP). Campos teria três compromissos de campanha em Santos.
Além do presidenciável, do piloto e do copiloto, estavam a bordo quatro assessores: Alexandre Severo (fotógrafo oficial da campanha), Marcelo Lira (cinegrafista), Pedro Valadares (ex-deputado e assessor do candidato) e Carlos Percol (assessor de imprensa).
NETO DE ARRAES
Campos morre num 13 de agosto, mesmo dia em que o avô, Miguel Arraes, faleceu em 2005, aos 88 anos. Perseguido pela ditadura militar, que o afastou do governo de Pernambuco após o golpe de 1964, Arraes lançou o neto na política na década de 1980.
O avião caiu sobre um prédio na rua Vahia de Abreu, no bairro do Boqueirão, região central de Santos. Ao menos cinco pessoas que não estavam a bordo ficaram feridas e foram encaminhadas para um hospital da região.
Marina Silva também embarcaria com o companheiro de chapa. Segundo aliados, ela mudou a rota na última hora e decidiu pegar um voo de carreira com assessores. Ela recebeu a notícia em São Paulo e seguiu para Santos com assessores.
Eduardo Campos deixa a mulher, a economista Renata Campos, e cinco filhos: Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique, José Henrique e Miguel, que nasceu no começo de 2014.
Ele era filho de Ana Arraes, ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), e do escritor Maximiano Campos (1941-1998).
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