Governo indenizará indígenas vítimas de violências do Exército no Araguaia
A Comissão da Anistia do governo federal anistiou e vai indenizar indígenas da etnia suruí que sofreram violências do Exército no combate à guerrilha do Araguaia, nos anos 1970, durante a ditadura militar (1964-85).
A decisão foi tomada pela comissão na última sexta-feira (19), em audiência no Ministério da Justiça, em Brasília. Além de um pedido formal de desculpas do Estado brasileiro, os 14 índios suruís terão direito, cada um deles, a uma indenização de 120 salários mínimos.
Um dos episódios mais sangrentos da ditadura, a guerrilha do Araguaia ocorreu entre os Estados do Pará, Tocantins e Goiás na primeira metade da década de 1970. O Exército combateu os guerrilheiros do PC do B entre 1972 e 74, período em que os índios foram forçados a servir aos militares. Cerca de 70 pessoas foram sumariamente executadas na região.
Segundo o relato dos índios à Comissão da Anistia, os militares os forçaram a trabalhar durante os combates como guias na mata, submetendo-os a maus tratos e humilhações, além de privações de água e comida. Segundo os suruís, o Exército também os obrigava a carregar corpos de guerrilheiros mortos pela floresta ou segurá-los para serem decapitados.
Para a Comissão da Anistia, os índios foram tratados como prisioneiros de guerra, numa situação análoga à escravidão.
Um outro indígena já havia sido anistiado pelo governo federal, mas é a primeira vez que o Estado brasileiro indeniza e pede desculpas a um grupo de índios por perseguições na ditadura.
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