Após protesto e reunião com a Sabesp, MTST diz que 'foi aberto canal de diálogo'
Após duas horas de reunião entre nove representantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a diretoria da Sabesp, um dos coordenadores do movimento, Josué Rocha, afirmou que "foi aberto um canal com a Sabesp". Pelo combinado, os sem-teto irão discutir e mandar as demandas sobre os locais da cidade com problemas de abastecimento de água para a empresa.
Uma nova reunião entre o MTST e a Sabesp foi marcada para o início de outubro —na de hoje, a presidente Dilma Pena não esteve presente alegando estar doente.
Reprodução |
Trânsito no local do protesto está tranquilo; confira a situação das vias no mapa do Waze |
Por volta das 20h, o grupo caminhou pela pista local da marginal Pinheiros, de volta ao Largo da Batata, ponto de partida da manifestação no meio da tarde desta quinta. Cerca de 5.000 pessoas, segundo a estimativa da PM, participaram do protesto, que passou a maior parte do tempo em frente à sede administrativa da Sabesp, na rua Costa Carvalho, em Pinheiros (zona oeste de SP).
Mais cedo, a manifestação provocou o fechamento da principal entrada do Terminal Pinheiros, que fica ao lado da sede. Segundo a SPTrans, a aglomeração de pessoas impediu a passagem de veículos na rua Sumidouro, que serve de acesso à maioria dos ônibus. O órgão não soube informar quantas linhas foram afetadas —ao todo, 25 passam pelo Terminal Pinheiros.
O grupo, que reuniu ainda o movimento Periferia Ativa, também chegou a bloquear a avenida Faria Lima, no sentido centro.
Antes do início do encontro na Sabesp, os manifestantes, usando cocares e com os rostos pintados, fizeram uma espécie de dança da chuva. Enquanto aguardava o fim da reunião, quem estava por lá ouviu uma apresentação de rap.
De acordo com o Guilherme Boulos, líder do MTST, o objetivo do ato é denunciar o "racionamento seletivo de São Paulo".
"Uma coisa é fazer racionamento, outra é dizer que não está fazendo e cortar a água na periferia de noite, que é o que está acontecendo", afirmou.
Boulos disse que, em julho, sentou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e expôs os problemas de abastecimento que integrantes de comunidades da periferia vinham relatando. De acordo com o ele, não houve nenhuma reposta à demanda apresentada.
O ato pediu ainda maior investimento para obras de captação e tratamento de água e do esgoto do Estado.
Após apresentar as reivindicações à coordenação da Sabesp, o grupo pretende seguir em direção a marginal Pinheiros.
De acordo com a PM, 800 policiais militares foram destacados para acompanhar o ato.
SABESP
Por meio de nota oficial a Sabesp afirmou que abriu um canal de discussão permanente com o MTST e confirmou a marcação de outras reuniões.
Veja a íntegra da nota:
A Sabesp informa que recebeu representantes do MTST e apresentou dados demonstrando que não há falta d´água, conforme número de reclamações, que este ano têm sido inferiores às de 2013. A Sabesp apresentou cronograma de obras e ações para áreas de expansão e crescimento acelerado, em especial, melhorias na região do Jardim Ângela e Jardim São Luís, com entrega agora para novembro. Ficou acordado um canal permanente de discussão com as entidades e ficaram agendadas reuniões para os dias 7 e 8 de outubro.
INTERESSE ELEITORAL
Questionado sobre o interesse eleitoral do protesto nas vésperas das eleições, Boulos disse não saber a quem seria interessante.
"Olha, não sei para quem. Talvez para o Levy Fidelix (PRTB)", brincou. "O MTST foi o que mais bateu no PT neste ano até aqui. Se o PSDB está dizendo que a gente é petista, é uma piada", afirmou.
Mais cedo Alckmin disse não ter sentido integrantes do MTST ameaçarem invadir a sede da Sabesp.
Segundo ele, a empresa paulista de abastecimento de água está "trabalhando" e "suando a camisa" para enfrentar a atual crise de desabastecimento de água no Sistema Cantareira.
A Folha revelou relatório na terça-feira (23) no qual a empresa paulista reconhece que os cortes de água em São Paulo estão relacionados com a crise do Sistema Cantareira.
O relatório "Operação Emergencial do Sistema Cantareira", de abril deste ano, contradiz o que a Sabesp tem informado desde que começaram a surgir queixas sobre cortes noturnos.
O governador afirmou na terça-feira (23) que, diferente do que informa o documento, não tem havido cortes de água em São Paulo. Segundo ele, a pressão tem sido reduzida no período noturno para evitar impactos no próprio sistema de distribuição.
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