Em debate, Tarso e Sartori trocam ataques sobre quem atacou primeiro
Os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul promoveram na tarde desta quarta-feira (22) um dos debates mais duros da eleição, em que trocaram acusações sobre o tom das campanhas no segundo turno.
O governador e candidato à reeleição Tarso Genro (PT), hoje em desvantagem nas pesquisas, abriu logo o debate na rádio Guaíba se dizendo alvo de ataques pessoais da campanha de José Ivo Sartori (PMDB).
"Seu programa me imputou de ser mentiroso, alucinado. Nunca fiz juízo de valor à sua pessoa", disse o petista, que cobrou respeito por "ter sido ministro de Estado e ser o governador".
O programa eleitoral de Sartori afirmou nesta terça (21) que Tarso agiu de modo "notadamente desequilibrado, sob um misto de alucinação e fanatismo político" ao comentar, há duas semanas, o escândalo de corrupção na Petrobras.
Sérgio Lima/Edu Andrade/Folhapress | ||
Candidatos Tarso Genro (PT), à esq., e José Ivo Sartori (PMDB), que disputam o segundo turno no RS |
Na ocasião, o petista classificou a divulgação de áudios de depoimentos da Operação Lava Jato, que investiga suspeitas de corrupção na estatal, como "manipulação" e "golpe político".
"O senhor está se fazendo de vítima", rebateu Sartori, reclamando ter sido agredido primeiro. "Quem disse que não sou uma pessoa séria foi o seu programa. Talvez o senhor não veja nem o seu programa."
Na réplica, Tarso fez referência à entrevista em que Sartori fez uma piada sobre o pagamento do piso do magistério. O petista afirmou que a repercussão do episódio deve ter "desequilibrado politicamente" o adversário.
Na gravação, que o PT veiculou em inserções na propaganda política, o peemedebista afirmava que "piso bom" há em uma loja de material de construção.
Quando Tarso mencionou o episódio no debate, militantes petistas, do lado de fora do estúdio da rádio, começaram a gritar o nome do estabelecimento comercial para provocar partidários de Sartori.
O peemedebista afirmou que só citou o assunto "porque o senhor assinou a lei do piso e não cumpriu". Tarso era ministro da Educação de Lula quando a remuneração mínima foi estabelecida.
"Seriedade tive eu, que não lhe fiz indagações a respeito do mensalão, da Petrobras, de situações inclusive de quando o senhor foi presidente da República", disse o peemedebista, em ato falho.
Além do pagamento do piso, outros temas recorrentes da campanha foram abordados no debate, como o endividamento do Estado com a União.
Sartori disse que Tarso vem prometendo renegociar a dívida "desde 2002" e que não teve sucesso mesmo tendo sido "multiministro" de Lula e com o PT no Planalto há 12 anos. "Será que lhe faltou prestígio?", questionou.
O petista afirmou que é "complicado" discutir "quando não se tem proposta e programa", uma das críticas de sua campanha a Sartori.
ESTRATÉGIA
Pela manhã, em debate promovido pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e TV, Tarso e Sartori também bateram boca sobre o acirramento da campanha.
Sartori disse que está sendo vítima de "baixaria", "pegadinhas" e "difamação", e Tarso afirmou que o peemedebista adotou um tom inédito de agressividade nas eleições no Estado.
Na reta final da eleição, a campanha de Tarso mudou a estratégia e tenta colar a imagem de despreparado em Sartori.
Segundo o coordenador da campanha petista no Estado, Carlos Pestana, houve uma "inflexão" em relação ao início do segundo turno, quando o objetivo era associar o adversário a gestões anteriores do PMDB no Estado.
Pestana afirma que um vídeo de entrevista em que Sartori se atrapalha ao ser desafiado a apresentar uma proposta concreta "desnuda o personagem".
"A gente só reproduz o que ele disse", afirmou o coordenador. O PT exibiu a entrevista no horário eleitoral e Tarso voltou ao assunto no debate da rádio Guaíba.
Sartori registrou mais de 15 pontos percentuais de vantagem para Tarso nas pesquisas mais recentes do Datafolha e do Ibope sobre intenção de voto para governador.
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