Ataque de petista a Graça Foster pegou Planalto de surpresa
O Palácio do Planalto foi pego de surpresa nesta quarta (17) com a declaração do relator da CPI da Petrobras, o petista Marco Maia (RS), de que Graça Foster e os demais diretores da Petrobras não têm mais condições de continuar dirigindo a empresa.
Foi a primeira vez que um membro do PT defendeu publicamente a troca na diretoria da estatal após as denúncias da Operação Lava Jato.
Segundo assessores presidenciais, Dilma Rousseff se irritou com a fala de Maia, principalmente por ele ocupar uma função chave na CPI, e escalou o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) para rebater o deputado. Nas últimas semanas, o papel de defesa da estatal tem sido executado pelo ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
Alan Marques/Folhapress | ||
Sessão da CPI mista da Petrobras ouve a leitura do relatório final feito pelo deputado Marco Maia |
Em coletiva nesta quarta-feira, Berzoini disse que o governo tem total confiança na gestão de Foster e da sua diretoria. Ele elogiou ainda os procedimentos adotados pela empresa para investigar as denúncias de corrupção.
"[Falei] Em relação a uma declaração que o relator da Petrobras fez como análise política e não com juízo em relação ao seu relatório e que pode evidentemente gerar apreciações equivocadas sobre a opinião que é nossa e de todos que conhecem o desempenho, a competência e o compromisso da Graça Foster com a Petrobras", disse. Segundo Berzoini, sempre que alguém fizer comentários sobre Foster, o governo irá se manifestar.
Marco Maia alterou seu relatório final nesta quarta para incluir o pedido de indiciamento de cerca de 50 suspeitos de participar do esquema de corrupção na estatal.
Na lista há os ex-diretores da petroleira Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, e dois ex-gerentes, Pedro Barusco e Silas Oliva. Mas nem o afastamento de Graça Foster e dos atuais diretores, nem o seus indiciamentos constam do relatório final.
Em café da manhã com jornalistas nesta quarta, Foster disse que ficará no cargo enquanto "contar com a confiança" da presidente Dilma. Durante a reunião, foram reapresentados números operacionais, e a executiva disse ter conversado "duas ou três vezes" sobre a saída dela, conforme revelou a Folha.
Ela explicou que ofereceu o cargo de toda a diretoria por questão de conveniência diante do fato de a empresa não ter tido o balanço auditado.
Nesta quarta, a oposição apresentou relatório paralelo à CPI mista da Petrobras pedindo a abertura de um processo de improbidade administrativa contra Dilma e o indiciamento de Graça Foster.
Colaborou GABRIEL MASCARENHAS
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