Cerveró tentou resgatar previdência por dificuldades financeiras, diz defesa
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Operação Lava Jato, disse em depoimento na manhã desta quinta (15) que tentou fazer resgate de uma previdência privada de aproximadamente R$ 400 mil porque estava em "dificuldades financeiras", segundo o advogado Beno Brandão, que acompanhou a audiência.
"Ele era um diretor da Petrobras, que ganhava mais de R$ 100 mil por mês. Desde março, deixou de receber isso", afirmou o advogado. Em março do ano passado, Cerveró foi demitido da BR Distribuidora, onde estava desde que deixara a Petrobras, em 2008.
Na quarta-feira (14), após a prisão de Cerveró, outro advogado dele, Edson Ribeiro, afirmou que o dinheiro poderia ser usado para ajudar uma filha.
"Ele estava com uma filha doente, ia viajar, e queria tirar o dinheiro de uma aplicação financeira para que ficasse disponível. É dinheiro proveniente de salários dele, declarado em imposto de renda. Qual é o crime nisso?", disse Ribeiro, na manhã de ontem.
Durante três horas, Cerveró deu esclarecimentos sobre as movimentações financeiras que fez nos últimos meses e que motivaram sua prisão preventiva, cumprida na madrugada de quarta (14).
Segundo Brandão, o ex-diretor estava "firme" e "indignado", em relação aos motivos da prisão, mas respondeu a todas as questões feitas pela polícia.
Daniel Derevecki - 14.jan.15/Reuters | ||
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso nesta quarta (14) |
Em relação aos imóveis que transferiu para os filhos, Cerveró argumentou que as movimentações foram legais. "Todos os imóveis estão declarados no Imposto de Renda, pelo valor que consta na matrícula, e não foram adquiridos de uma hora para outra", afirmou o defensor. "São fruto do trabalho dele."
Além disso, o ex-diretor da área internacional da estatal falou sobre o aluguel de navios-sonda na empresa, em 2006, da Samsung. Cerveró foi denunciado e responde a um processo pelo episódio, sob acusação de ter recebido propina de R$ 53 milhões no contrato.
"Ele negou veementemente", afirmou Brandão. "Não tem contas no exterior e nunca recebeu propina."
Cerveró divide a cela na PF com o lobista Fernando Baiano, acusado de ter intermediado o negócio das sondas e o pagamento da propina. Ele também nega participação no caso.
O ex-diretor ainda deve ser ouvido novamente na semana que vem, sobre a compra da refinaria de Pasadena, que também está sob investigação da PF.
A defesa de Cerveró deve entrar ainda hoje com um habeas corpus no TRF (Tribunal Regional Federal), para tentar sua libertação. Os advogados argumentam que os motivos da prisão são "pontuais" e já foram esclarecidos à polícia.
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