Bloqueio financeiro de investigados na Lava Jato chega a quase R$ 119 mi
O bloqueio de bens que atinge os investigados na operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras, chegou a R$ 118,86 milhões, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (27) pela Justiça Federal.
Ao todo, 3 empresas e 16 pessoas tiveram recursos bloqueados, incluindo o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, executivos de empreiteiras e o empresário Fernando Soares, conhecido por Fernando Baiano e tido como lobista do PMDB.
Esse bloqueio atende a determinação do juiz federal Sergio Moro, que pediu, em novembro do ano passado, a retenção de R$ 20 milhões de cada investigado. Nem todos os valores contingenciados, porém, foram transferidos para uma conta judicial –apenas cerca de R$ 33 milhões.
O restante –quase R$ 86 milhões– aguarda a transferência. Parte desse valor é referente a aplicações financeiras em fundos e planos de previdência, que deverão continuar no banco de origem por um período maior. Atendendo a pedido dos bancos, o dinheiro aplicado somente irá para a conta judicial após o vencimento do prazo de resgate.
As instituições financeiras temiam causar impacto na rentabilidade destes fundos, já que os valores envolvidos são muito altos, e com isso afetar clientes que nada têm a ver com os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras. Além disso, os recursos mantidos em CDB (Certificado de Depósito Bancário) e fundos de investimento, por exemplo, geram comissões para os bancos, como taxas de administração.
Gerson Almada, vice-presidente da Engevix, é quem teve o maior valor bloqueado: R$ 37,5 milhões. Idelfonso Colares, da Queiroz Galvão, sofreu bloqueio de R$ 18,1 milhões. Renato Duque sofreu o bloqueio de R$ 4,4 milhões, e uma empresa sua (D3TM), de R$ 151,6 mil.
Fernando Baiano teve retido apenas R$ 8.873,79, mas duas empresas suas empresas –a Hawk Eyes Administração de Bens e a Technis Planejamento– tiveram R$ 6,56 milhões e R$ 6,64 milhões, respectivamente, bloqueados.
Ainda não é possível saber se todos os bancos já enviaram suas respostas completas e finais ao juiz. Por isso, o valor total bloqueado ainda pode crescer.
Por outro lado, também pode diminuir, pois o juiz avaliará caso a caso os pedidos de desbloqueio protocolados pelos investigados, que já começaram a chegar à Justiça.
Os valores bloqueados em contas correntes foram enviados para uma conta sob controle do Judiciário.
APLICAÇÕES
A Polícia Federal estima que o grupo do qual fazia parte o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ambos presos na Lava Jato, tenha movimentado aproximadamente R$ 10 bilhões.
Boa parte dessa quantia foi desviada de obras da estatal petrolífera com suspeitas de fraudes e, posteriormente, aplicada nos bancos.
Para o juiz Moro, o bloqueio deve ocorrer, não importa se o dinheiro sujo foi misturado a recursos de origem lícita.
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Veja quanto foi bloqueado de cada suspeito até o momento
(valores aproximados)
- Agenor Magalhães Medeiros (OAS) - R$ 12 milhões
- D3TM Consultoria (empresa de Renato Duque) - R$ 151.647
- Dalton Avancini (Camargo Corrêa) - R$ 3,38 milhões
- Eduardo Leite (Camargo Corrêa) - R$ 4,73 milhões
- Erton Medeiros Fonseca (Galvão Engenharia) - R$ 9 milhões
- Fernando Baiano (lobista supostamente ligado ao PMDB) - R$ 8.874
- Gerson Almada (Engevix) - R$ 37,5 milhões
- Hawk Eyes (empresa de Fernando Baiano) - R$ 6,56 milhões
- Ildefonso Colares (Queiroz Galvão) - R$ 18,14 milhões
- João Ricardo Auler (Camargo Corrêa) - R$ 2,8 milhões
- Jose Aldemario Pinheiro Filho (OAS) - R$ 67.904
- José Ricardo Nogueira Breghirolli (OAS) - R$ 691.177
- Othon Zanoide (Queiroz Galvão) - R$ 1,15 milhões
- Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) - R$ 4,04 milhões
- Ricardo Pessoa (UTC) - R$ 10,5 milhões
- Sergio Mendes (Mendes Júnior) - R$ 734.615
- Techinis (empresa do lobista Fernando Baiano) - R$ 6,64 milhões
- Valdir Lima Carreiro (Iesa Óleo & Gás) - R$ 32.367
- Walmir Pinheiro Santana (UTC) - R$ 663.695
TOTAL R$ 118,86 milhões
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