Eduardo Cunha sofre derrota interna ao tentar emplacar distritão
Dono há meses de controle quase absoluto da bancada de deputados do PMDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sofreu a primeira derrota interna.
Ele tentou enquadrar o relator da reforma política, Marcelo Castro (PMDB-PI), mas sua intenção acabou sendo barrada pela maior parte dos 67 deputados da bancada.
A insatisfação do presidente da Câmara se deu em torno do distritão, sistema eleitoral que ele tenta emplacar.
Cunha, que precisaria reunir o voto de ao menos 60% dos deputados (308 de 513) para aprovar a mudança, se irritou com as falas do relator contrárias ao distritão.
Apesar de ser colocado na função por articulação do presidente da Câmara, Castro tem defendido outro sistema, o distrital-misto. Mesmo assim, afirma que irá colocar em seu relatório final o modelo que tiver o maior apoio dentro da comissão.
Cunha queria que o PMDB aprovasse, na reunião da bancada na terça-feira (28), resolução obrigando Castro a colocar em seu relatório o modelo que os deputados peemedebistas decidissem –ou seja, o distritão, aprovado naquele dia por 38 votos contra 15. Foi vencido.
BANDEIRA
Cunha pretende votar a reforma política em plenário na última semana deste mês. Um fracasso do distritão será uma derrota pessoal sua.
O sistema altera o modelo pelo qual são eleitos os deputados. Hoje, vigora o sistema proporcional, que leva em conta a soma dos votos em todos os candidatos do partido ou coligação, além dos votos na legenda. Por isso, candidatos pouco votados podem se eleger, se permanecerem a uma coligação robusta.
Já o distritão elege os mais votados em cada Estado.
Boa parte dos cientistas políticos criticam o modelo, argumentando que esse sistema acabaria com os partidos e dificultaria a eleição de representantes de minorias.
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