'Nada justifica', diz secretário de Segurança de Richa sobre ação policial
Reproducao/Facebook | ||
Foto de Fernando Francischini, que tem o mote de "tolerância zero" em sua página no Facebook |
Cinco dias depois da operação policial que deixou quase 200 feridos numa manifestação contra um projeto de lei do governo de Beto Richa (PSDB), o secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini, se posicionou pela primeira vez sobre o episódio, prometendo uma "apuração rigorosa" e dizendo que "nada justifica" o que houve.
O confronto entre PMs e ativistas ocorreu enquanto deputados aprovavam projeto que transfere 33 mil aposentados de um fundo deficitário para outro superavitário. Alegando perdas futuras na previdência, os servidores eram contrários à migração.
"Não tem justificativa. Nós lamentamos, as imagens são terríveis. Nunca imaginávamos que ia acabar nisso", declarou ele, em entrevista coletiva à imprensa.
Criticado por manifestantes, pela oposição e até por aliados de Richa devido à ação, Francischini não respondeu se houve excessos da polícia, mas disse que já há um inquérito policial, com acompanhamento do Ministério Público, para apurar isso.
"Só o resultado final do inquérito poderá dizer se houve abuso e de quem. Isso será conduzido com rigor e transparência", afirmou.
O secretário, cuja demissão tem sido cobrada por manifestantes, defendeu seu trabalho à frente da pasta. "Minha posição sempre está à disposição do governador. Eu estou numa função que talvez seja a mais complicada e difícil do Estado num momento como esse. Tenho que aceitar as críticas e construir resultados", afirmou Francischini.
RADICAIS
O secretário reforçou que o confronto começou quando parte dos manifestantes avançou contra a barreira policial. "É inegável a existência de grupos radicais organizados no protesto", disse o delegado Wagner Mesquita de Oliveira, do departamento de Inteligência da secretaria.
A secretaria divulgou imagens de jovens com lenços no rosto, que usaram escudos feitos com tampa de panela e atiraram pedras e pedaços de paus nos policiais. Segundo a polícia, eles eram black blocs e anarquistas. Nas redes sociais, o grupo, que se apresenta como black blocs de Curitiba, anunciou sua participação no evento.
Um dos vídeos mostra alguns jovens produzindo o que a secretaria chamou de "bombas de cal", que causam queimaduras. O departamento de inteligência, porém, diz que não é possível dizer se eram bombas de fato ou se era uma mistura com bicarbonato, para aliviar o efeito das bombas de gás. Não havia notícias de policiais feridos com bombas de cal.
"Esses grupos radicais foram o grande estopim desse confronto, infelizmente", disse Francischini.
O secretário disse que a pasta foi alertada sobre isso antes do confronto, pelo Ministério Público. "Eu pedi calma, cuidado [aos policiais]. Redobramos toda aquela estrutura de policiamento", afirmou. "Nosso poder de negociação com o outro lado era restrito."
Sobre o bombardeio ininterrupto dos manifestantes, que durou quase uma hora, a secretaria sustentou que havia uma retomada constante das agressões contra os policiais pelos grupos radicais.
"As pessoas recuavam, se reagrupavam, diziam palavras de ordem e voltavam para o combate", afirmou o delegado Mesquita. "Foram várias ondas de ataque. Se foi desnecessário ou não, se foi a quantidade certa ou não, não cabe a mim dizer. Mas as equipes de inteligência viram esses grupos voltando ao combate."
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