Ninguém tira a legitimidade do meu voto, afirma Dilma
Roberto Stuckert Filho/PR | ||
A presidente Dilma Rousseff cumprimenta a plateia em evento para celebrar a entrega de 747 moradias em Boa Vista |
Em meio à pior crise política desde que assumiu o poder, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (7), durante evento público em Boa Vista (RR), que aguenta pressões e ameaças e que ninguém vai tirar a legitimidade dos votos que recebeu.
"Eu respeito a democracia e o voto e podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram. A primeira característica de quem honra o voto é saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu", afirmou.
Na véspera, a petista fora alvo de panelaços ao aparecer na propaganda do PT veiculada em cadeia nacional de rádio e televisão. No mesmo dia, pesquisa Datafolha mostrou que ela é a presidente mais impopular desde o início da avaliação do instituto, em 1990. Apenas 8% dos entrevistados aprovam o seu governo.
Na última semana, Dilma sofreu derrotas no Congresso e viu aliados como o PDT e o PTB se afastarem. O desgaste prolongado do governo alimentou especulações sobre o futuro de Dilma no cargo.
Roberto Stuckert Filho/PR | ||
A presidente Dilma Rousseff participa de evento do Minha Casa, Minha Vida em Boa Vista (RR) |
No evento desta sexta em Boa Vista, onde participou da entrega de 747 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, ela procurou fazer uma defesa do governo e tratou abertamente da crise.
"Nós temos de nos dedicar à estabilidade institucional, econômica, política e social do País. Eu sei que tem brasileiros que estão sofrendo, por isso é que eu me comprometo a trabalhar diuturna e noturnamente", afirmou.
ESTABILIDADE
Dilma pediu respeito dos outros dois Poderes, o Legislativo e o Judiciário, e disse trabalhar para garantir a estabilidade do sistema político.
"O país tem uma democracia, por isso, nós devemos respeito entre os Poderes. Entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário e eu me disponho a trabalhar também incansavelmente para assegurar a estabilidade política do nosso País. Quero dizer a vocês que me dedicarei com grande empenho a isso nos próximos meses e anos do meu mandato", disse.
A presidente chegou de avião à base aérea e seguiu de helicóptero para o local do evento, na periferia de Boa Vista, sem passar perto de um protesto de servidores do INSS, em greve há um mês.
Seguindo recomendação que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a estimulou a ir às ruas desde o início da crise, Dilma se deixou fotografar com os presentes e distribuiu abraços aos que se aproximavam.
No discurso, a presidente voltou a fazer referências à seu passado de perseguida política durante a ditadura militar, menção recorrente nestes tempos de crise.
"Sobrevivi a grandes ameaças à minha própria vida. O Brasil hoje é muito diferente daquele Brasil que tive de enfrentar. É uma democracia que respeita a eleição direta pelo voto popular", afirmou.
'NÃO QUEBRAMOS'
Ela reconheceu que o país passa por turbulências também na área econômica, mas disse que o país tem condições de superar adversidades.
"Somos mais robustos, mais fortes. Pensem na famílias de vocês. Antes, com qualquer problema, tendia a ter dificuldade para pagar contas externas. [O país] Não tinha dólar. Hoje, temos mais de US$ 300 bilhões de reservas. Não quebramos. [O Brasil] Pode passar por dificuldade, mas se tem recursos e não quebra."
Neste domingo (9), Dilma reunirá o núcleo mais próximo de seu governo para discutir alternativas à crise.
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