Ministro Levy permanece no cargo, diz Mercadante
Fernando Bizerra Jr./Efe | ||
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a caminho de reunião com a presidente Dilma Rousseff |
Após participar de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira (3) à Folha que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) permanece no cargo. "Levy fica. A reunião foi muito boa."
Momentos depois, por orientação da presidente, o chefe da Casa Civil concedeu uma entrevista coletiva a jornalistas no Palácio do Planalto para, segundo auxiliares, "tranquilizar o mercado", bastante agitado com a possibilidade de Levy deixar o governo após o próprio ministro ter se queixado nos bastidores de falta de respaldo interno.
"Ele [Levy] tem compromisso com o Brasil, com esse projeto, sabe a importância do trabalho que ele tem para a sétima economia do mundo como ministro da Fazenda", reafirmou Mercadante.
O ministro classificou a especulação sobre a saída de Levy do governo como uma tentativa de "mal-informados e mal-intencionados" ganharem dinheiro.
"Num momento de instabilidade tem uma aliança entre os mal-informados e os mal-intencionados. Tem gente especulando e tentado ganhar dinheiro com turbulência. Mas tenham certeza de que isso [saída de Levy] não está na pauta do governo. Ele está na equipe, ajuda muito e vai continuar ajudando o Brasil", completou.
A reunião entre Dilma, Levy, Mercadante e Nelson Barbosa (Planejamento), com quem o titular da Fazenda tem tido embates frequentes quanto à condução da política econômica do país, teve o objetivo de dar unidade interna ao discurso do chefe da equipe econômica para evitar que ele deixe o cargo por falta de apoio.
Depois do encontro, Mercadante afirmou que nem o país nem o governo podem "ficar confortável com um deficit de R$ 30,5 bilhões" e que o Executivo "vai lutar para melhorar a situação fiscal".
Na segunda-feira (31), o Planalto enviou ao Congresso uma proposta orçamentária com um inédito deficit primário de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo Mercadante, a equipe de Dilma vai trabalhar para cobrir esse deficit com corte de gastos, sem descartar o aumento de receitas.
"O governo está ouvindo parlamentares, economistas, analistas para ver os vários cenários. Evidentemente para fazer as medidas que tenham menos impacto na vida da população e da economia, mas precisamos melhorar a receita e continuar o esforço para reduzir gasto", afirmou Mercadante.
SINAL DE APOIO
Depois de conversa com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, nesta quarta-feira (2) em Brasília, Dilma orientou sua equipe mais próxima a deixar claro que seu governo vai perseguir a meta de superavit de 0,7% do PIB no próximo ano.
Nesta quinta, pela manhã, a presidente tratou do tema com assessores e reforçou a orientação de que, em entrevistas, eles destaquem que o governo vai estudar medidas para buscar cumprir a meta fiscal de 0,7% em 2016.
Segundo a Folha apurou, na conversa com Trabuco, Dilma ouviu o relato de que o anúncio do Orçamento com deficit estava enfraquecendo o governo e poderia gerar uma crise de confiança no mercado, provocando uma disparada na cotação do dólar. Ou seja, Trabuco defendeu a posição de Levy, que trabalhava no Bradesco antes de aceitar o convite para ser o ministro da Fazenda do segundo mandato da petista.
RECLAMAÇÃO
Levy adiou para a noite desta quinta a viagem que faria mais cedo para a Turquia, onde participará da reunião de ministros de finanças e presidentes de banco centrais do G20.
Nesta quarta, o ministro procurou Dilma e seu vice, Michel Temer, para reclamar de isolamento e falta de apoio no governo, pondo em dúvida sua permanência no cargo se a situação não mudasse.
Depois de falar com o ministro por telefone e ouvir que ele sentia "perda de apoio" para sua política de ajuste fiscal, a presidente fez uma defesa pública de Levy, dizendo que ele "não está desgastado" nem "isolado" no governo. "Isolado de mim ele não está", disse Dilma, após cerimônia no Palácio do Planalto.
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