Janot denuncia Ricardo Pessoa, dono da UTC, ao Supremo Tribunal Federal
Zanone Fraissat - 14.nov.2014/Folhapress | ||
Ricardo Pessoa, presidente da UTC, ao se entregar na sede da Polícia Federal em São Paulo |
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nesta sexta-feira (4) ao STF (Supremo Tribunal Federal) a primeira denúncia contra um empreiteiro envolvido no esquema de corrupção da Petrobras.
O alvo é o dono da UTC Ricardo pessoa, apontado como chefe do cartel de empreiteiras que se uniu para participar dos desvios na estatal, que é acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Pessoa foi denunciado junto com o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL).
Arthur e Benedito já haviam sido indiciados pela Polícia Federal.
A Procuradoria Geral da República cobra dos três devolução de R$ 2,6 milhões por causa dos desvios e uma reparação de R$ 5,2 milhões por conta dos crimes no esquema de corrupção.
No documento, Janot afirma que "identificou-se ainda o envolvimento direto e intenso no pagamento de propinas por parte de Ricardo Pessoa" aos congressistas.
A denúncia revela ainda alguns depoimentos da delação premiada de Pessoa. Em um deles, Pessoa conta que Arthur Lira lhe telefonou e foi ao seu escritório em São Paulo pedir doações "de maneira bastante incisiva e assertiva".
Segundo Pessoa, Arthur Lira lhe disse: "Você está trabalhando na Petrobras e para continuar assim deverá continuar colaborando", e pediu R$ 1 milhão "de forma bastante contundente". "Arthur Lira deixou bastante claro que a continuidade dos pagamentos era uma condição para que as 'portas' da Petrobras permanecessem abertas", declarou o empreiteiro.
Em outro depoimento, o dono da UTC diz que o doleiro Alberto Youssef marcou uma reunião na qual estava presente o senador Benedito de Lira. "Após Benedito de Lira pedir o dinheiro para campanha, Alberto Youssef disse, na frente de Benedito de Lira: 'Você pode pagar a ele e descontar de mim'", relatou Pessoa. Em seu entendimento, isto significou que Youssef permitiu que a doação fosse descontada dos acertos de propina referentes às obras na Petrobras.
Além desta primeira ação no Supremo, Pessoa também já é alvo de outras duas denúncias na Lava Jato, só que na primeira instância, antes de ele ter assinado a colaboração premiada.
A denúncia diz ainda que uma anotação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa mostra que o PP recebeu R$ 28,5 milhões do esquema.
Pessoa foi preso a pedido do juiz Sérgio Moro em novembro do ano passado e depois consegui ir para prisão domiciliar por autorização do STF. Ele fechou acordo de delação premiada e se tornou um dos principais colaboradores. Ele teria implicado aos investigadores ministros do governo Dilma e políticos de partidos aliados.
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