Sob Cunha, TV Câmara dá mais espaço a baixo clero na programação
Reprodução/TV Câmara | ||
Debate sobre identidade negra em programa da TV Câmara |
Sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a TV Câmara ampliou em 61 horas semanais o tempo reservado na programação do canal público para as atividades dos deputados no plenário.
A mudança atende a compromisso assumido por Cunha quando estava em campanha para a presidência da Casa e prometeu dar visibilidade aos deputados do chamado baixo clero, políticos pouco conhecidos cujas ações raramente recebem atenção.
A estreia da nova grade de programação ocorreu no dia 19 de outubro, seis dias depois que o PSOL e a Rede apresentaram um pedido de cassação do mandato de Cunha, que dependerá do voto de seus colegas para avançar.
Para aumentar a exposição dos deputados, a direção da TV Câmara tirou do ar 20 horas semanais de programas destinados a questões sociais, como índios, negros, jovens e moradores da periferia das grandes cidades.
A direção da TV Câmara suspendeu o "Participação Popular", criado para exposição de assuntos em discussão no Congresso. Um dos últimos programas exibidos explicava como decifrar textos nos rótulos em embalagens de produtos comerciais.
O "Participação Popular" tinha exibições diárias antes da suspensão. O programa "Talento", que exibia apresentações de músicos brasileiros, teve o mesmo destino.
Os programa "Câmara Ligada" e "Expressão Nacional" sofreram redução significativa, passando de seis para duas exibições semanais cada um, sendo que algumas são coincidentes com horários de votações no plenário.
Como a ordem do dia sempre deve prevalecer sobre a programação normal da TV Câmara, nos dias em que há sessão esses programas acabam não sendo exibidos nos horários reservados a eles pela grade da programação.
Os programas extintos foram substituídos por reprises de sessões dos deputados. A partir de agora, essas reapresentações ocuparão três horas e meia das manhãs de segundas, sábados e domingos. A TV Câmara também passará a exibir reprises das sessões nas tardes de segundas, sextas, sábados e domingos.
O diretor-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Câmara, Cláudio Lessa, afirmou à Folha por e-mail que o "foco" da TV Câmara está na atividade legislativa.
"A programação agora privilegia, basicamente, a atividade legislativa –plenário, comissões, entrevistas com parlamentares, atividades dos parlamentares dentro e fora da Câmara", afirmou Lessa.
O funcionário ressaltou, no entanto, que programas como os que sofreram redução "serão veiculados com maior intensidade durante os períodos de recesso parlamentar", quando não há sessões.
REFORMULAÇÃO
Sobre a suspensão do programa "Participação Popular" pelo canal, o diretor da Secretaria de Comunicação Social da Câmara afirmou que ele "foi suspenso temporariamente para reavaliação e reformulação".
"O programa voltará em breve ao ar com a participação de dois parlamentares", argumentou Lessa.
Ao ser questionado por que deputados críticos à atuação de Eduardo Cunha tiveram sua atuação excluída da programação, Lessa disse que essa era uma "pergunta rísivel, que não merece resposta".
"[A pergunta] demonstra, apenas, o seu completo desconhecimento a respeito da nossa emissora, o que é uma pena, além de indicar de maneira inequívoca que todas as perguntas anteriores, repletas de detalhes, não foram feitas por você", afirmou Lessa.
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