Delcídio não deve ser prejulgado, diz ministro da Justiça
Ed Ferreira - 4.nov.15/Folhapress | ||
O ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, dá entrevista em seu gabinete, no início de novembro |
O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou que não se deve fazer prejulgamento sobre o caso do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso sob a acusação de atuar para prejudicar as investigações da operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
Cardozo participou do encerramento do encontro anual das entidades integrantes da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) na noite desta quinta-feira (26) em Fortaleza (CE).
"É muito importante que tenhamos claro que ninguém jamais em momento algum pode ser prejulgado por algo que está ainda sendo investigado. Afirmo categoricamente: as investigações continuam e com autonomia", disse o ministro ao ser indagado sobre a detenção de Delcídio.
Questionado pela Folha se o teor das gravações das conversas entre o filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Delcídio não demonstrava as acusações contra o senador petista, Cardozo disse: "Eu não costumo fazer juízo de valor sobre atividades que estão sob investigação. O Supremo firmou uma convicção assim a respeito e tomou a posição que jurisdicionalmente entendeu ser adequada".
O ministro afirmou desconhecer que o filho de Cerveró tenha recebido qualquer tipo de orientação da Polícia Federal ou de outras autoridades para realizar as gravações das conversas com Delcídio, nas quais o senador discorre sobre maneiras de frustrar medidas da Lava Jato.
Filiado ao PT, Cardozo evitou falar sobre o fato de o partido ter negado solidariedade a Delcídio em nota pública. "Eu não comento questões partidárias enquanto estiver na função em que estou. O PT expressou sua posição e é legítimo que o faça", disse.
Cardozo também negou ter conhecimento sobre vazamentos da delação premiada de Cerveró na carceragem da PF.
"É muito importante ter claro que essa delação premiada que é feita sobre pessoas que têm foro privilegiado está submetida à guarda do Ministério Público Federal. Até o momento não fui informado oficialmente de que possa ter ocorrido esse vazamento, embora informações circulem nessa linha. Se efetivamente houve o vazamento, em qualquer situação dessa natureza, eu não tenho a menor dúvida de que um inquérito policial será instaurado, justamente porque vazamentos em situações dessa natureza são criminosos e devem ser investigados e punidos", disse.
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