Dilma critica 'pontos fora da curva' na Lava Jato mas diz que investigação é necessária
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (22) que "há coisas que não acha corretas" na Lava Jato, como os vazamentos de trechos das delações premiadas, e que há "pontos fora da curva" na investigação "que têm de ser colocados dentro da curva".
Segundo a presidente, que conversou com a Folha em seu gabinete do Palácio do Planalto, é "impossível" alguém ser questionado [durante os interrogatórios] com base no "diz que me diz".
"Isso que não dá certo. Isso é o mínimo que a gente espera, que quando falarem uma coisa que forem perguntar para uma pessoa, que provem. Porque depois não é verdade e tá lascado, né?"
Apesar dos tais "pontos fora da curva", a petista defendeu com veemência a operação deflagrada a partir do esquema de corrupção na Petrobras. "Tenho de preservar o fato de que o Brasil precisa dessa investigação".
Nos últimos dias, advogados divulgaram uma carta de repúdio à forma como a apuração está sendo conduzida. O manifesto acusa os líderes da Lava Jato de desrespeitar garantias fundamentais.
O PT e o ex-presidente Lula foram em linha semelhante. O antecessor de Dilma disse que há direcionamento de perguntas dos procuradores aos depoentes com o intuito de envolvê-lo no caso.
Em suas críticas, Dilma não usou o mesmo tom de seus correligionários, mas ressaltou que, "assim como qualquer coisa na vida, [a Lava Jato] também não está acima de qualquer suspeita".
Até porque, afirmou ela, uma falha aberta quanto ao direito de defesa poderia comprometer o processo de investigação na Justiça.
"Nós não somos a favor de impedir a investigação", enfatizou.
Questionada sobre as críticas de que o governo controla e dirige o Ministério Público Federal, conforme acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) inúmeras vezes, a presidente levantou-se da cadeira, deu dois passos e sorriu: "Então sou uma incompetente na arte do controle".
OPOSIÇÃO
A presidente confirmou que seu governo buscará o apoio da oposição a partir de uma agenda mínima para fazer o Brasil voltar a crescer.
Ela esclareceu, porém, que não será um apelo, mas uma espécie de chamado à responsabilidade não só aos partidos adversários, mas a todos os agentes políticos.
"Todos têm de se juntar", defendeu.
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