Por 2018, Alckmin mergulha nas prévias do PSDB em São Paulo
Bruno Santos - 28.fev.16/Folhapress | ||
João Doria, pré-candidato do PSDB, acompanha Geraldo Alckmin no primeiro turno das prévias da sigla |
O que até o domingo (28) era dito só em conversas reservadas do PSDB passou a ser alardeado publicamente no dia seguinte às prévias tucanas: o governador paulista, Geraldo Alckmin, tem lado e está trabalhando arduamente na disputa interna do partido pela candidatura à Prefeitura de São Paulo.
Alckmin, que se fechou em copas após ter declarado apoio ao pré-candidato João Doria em jantar com representantes do PIB brasileiro em dezembro, passou a atuar apenas nos bastidores em prol do empresário.
Com a definição do segundo turno tucano entre Doria e o vereador Andrea Matarazzo, no entanto, o governador decidiu que vai operar pessoalmente para atrair os 1.387 votos do deputado federal Ricardo Tripoli e conquistar o apoio do também deputado Bruno Covas e do presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, para a campanha do empresário.
Aliados de Alckmin têm dito que a vitória de Doria na disputa interna e na eleição pela prefeitura é o "primeiro passo" para que o governador conquiste a Presidência da República em 2018.
Nesta segunda (29), a expectativa de parte do PSDB e de alguns dos principais auxiliares do governador no Palácio dos Bandeirantes era a de que ele desse declarações de repúdio às brigas e trocas de acusações que marcaram o primeiro turno da eleição e pela recomposição da sigla.
Alckmin, no entanto, minimizou as confusões e polêmicas e reagiu em defesa de Doria, classificando como "absurdamente ridícula" a tentativa de impugnação da pré-candidatura de seu afilhado.
"A gente não está acostumado com prévias. Somos acostumados com partido-cartório, com partido de livro de ata, que decide em restaurante, com mesa de vinho importado", afirmou o governador após participar de um evento no interior paulista.
As declarações intensificaram o clima de guerra que se instalou no partido.
"Fico preocupado com ele [Alckmin] achar normal compra de votos. Não considero isso nada ridículo", afirmou Andrea Matarazzo à Folha.
Segundo ele, "com abuso do poder econômico", o PSDB "ressuscitou a política velha que já tinha sido varrida de São Paulo" e dá espaço para "a antítese do que o partido tem pleiteado em Brasília em relação à presidente Dilma".
'DESRESPEITO'
Um dos autores da petição pela impugnação do registro da candidatura de Doria, o ex-governador Alberto Goldman classificou a fala de Alckmin como "desrespeitosa". "É desrespeitosa a mim, que tenho 50 anos de vida política, é desrespeitosa a José Serra, que o antecedeu ao governo", disse.
Segundo ele, o resultado do primeiro turno das prévias tucanas revela que o trabalho de João Doria se dá por meio "do abuso do poder econômico e da ação do governo nos mais diferentes níveis da administração estadual".
Aliado de Doria, Julio Semeghini, chefe do escritório do governo de São Paulo em Brasília e que estava à frente do PSDB nas prévias de 2012, afirmou que "não vê nada" na campanha do empresário "que possa caracterizar abuso de poder econômico".
"Ele fez uma campanha focada no militante e dentro das regras que foram acertadas com o diretório municipal."
A petição pela impugnação foi encaminhada ao setor jurídico do PSDB.
Colaborou VENCESLAU BORLINA FILHO, de Campinas
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