Sítio usado por Lula teve obras pagas em dinheiro por dono, diz empreiteiro
Joel Silva - 27.jan.16/Folhapress | ||
A entrada do sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Lula e seus familiares |
O empresário Fernando Bittar, proprietário do sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família, foi quem pagou pelos serviços da Construtora Rodrigues do Prado, a pequena empreiteira apontada como executora de parte dos trabalhos na propriedade rural, segundo a defesa da empresa.
É a primeira vez que um dos envolvidos nas obras aponta o responsável por algum dos pagamentos de mão de obra ou materiais empregados no local.
A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga se os trabalhos no sítio foram bancados pelas empreiteiras Odebrecht e OAS e pelo amigo do ex-presidente Lula José Carlos Bumlai, que são acusados de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
A Rodrigues do Prado aponta em seu site que cinco empresas do grupo Odebrecht estão entre suas principais clientes e "parceiras".
No entanto, o advogado da pequena empreiteira, José Pedro Said Junior, nega que o pagamento do trabalho tenha sido feito pela Odebrecht.
Segundo ele, a participação da grande construtora limitou-se a um pedido de orçamento feito pelo seu engenheiro Frederico Barbosa para a obra no sítio.
De acordo com o defensor, foi um representante de Bittar o executor dos pagamentos relativos à obra, que foram feitos em espécie. "Inclusive, a nota [fiscal] foi emitida em nome Fernando Bittar", afirma Said Junior.
Questionado sobre o motivo do pagamento em dinheiro vivo, respondeu: "Quem precisa explicar são os responsáveis pela propriedade."
O advogado disse que Carlos Rodrigues do Prado, dono da pequena empreiteira, nunca teve contato com Bittar.
No papel, Bittar e o empresário carioca Jonas Leite Suassuna, sócios de Fábio Luís, filho de Lula, são os donos do sítio. A defesa do ex-presidente, porém, diz que a propriedade foi comprada por eles para ser compartilhada com a família do ex-presidente.
Said Junior afirma que a Rodrigues Prado cobrou R$ 167 mil (R$ 233 mil em valores atualizados) pela mão de obra e equipamentos usados nos serviços no sítio.
O lucro da empresa na execução da obra foi "pequeno" e não chegou a 10%, segundo o defensor. "Na verdade, ele tinha a intenção de pegar outros serviços com a Odebrecht", disse.
A defesa negou que Prado tivesse conhecimento de que o sítio seria usado por Lula. "Imaginou que fosse para um presidente, diretor da Odebrecht", relatou Said Junior.
O advogado afirmou que fornecerá a documentação relativa à obra para a força-tarefa da Lava Jato e que seu cliente está à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades.
A Folha não localizou a defesa de Fernando Bittar na noite desta quarta-feira (2).
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