Planalto vê 'operação casada' de PF e reportagem para enfraquecer Dilma
Integrantes do Palácio do Planalto enxergam uma "operação casada" entre o vazamento de trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), nesta quinta-feira (3), e a operação desta sexta (4), na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para enfraquecer a presidente Dilma Rousseff, Lula e o governo.
A presidente Dilma Rousseff chamou reunião de emergência para avaliar situação de Lula e do governo. Estão reunidos com ela os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Edinho Silva (Secom), José Eduardo Cardozo (AGU), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Giles Azevedo, assessor especial.
O Palácio do Planalto acordou atônito com a operação da Polícia Federal na casa de Lula. "Estamos perdidos", disse um importante auxiliar presidencial à Folha. Com a Operação Aletheia, que apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá, a investigação chega oficialmente ao coração do PT.
Para auxiliares presidenciais, "está na cara" que os dois episódios formam uma ação combinada para enfraquecer o governo Dilma e o ex-presidente Lula. Para petistas, as autoridades da Lava Jato montaram uma narrativa que, a cada dia e aos poucos, sobe mais um degrau com o intuito de prender o ex-presidente.
Segundo a Folha apurou, ministros do núcleo próximo à presidente Dilma Rousseff já esperavam uma ação da Operação Lava Jato envolvendo o ex-presidente para esta sexta (4), justamente pelo vazamento do conteúdo da delação de Delcídio, que implicava Lula e Dilma.
Nesta quinta-feira (3), após a publicação das declarações do senador, Lula telefonou para ministros do Palácio do Planalto e disse: "Não tenho registro de nada do que Delcídio falou". Mesmo assim, a avaliação Planalto é de que a ação contra Lula é um "baque" e "fragiliza ainda mais" o governo Dilma que, nos últimos dias, não consegue vencer o desgaste político.
Auxiliares da presidente ouvidos pela Folha dizem que esse é o "movimento mais forte" da Operação Lava Jato e que, se houver "materialidade" nas provas contra Lula, as consequências serão imensuráveis. Porém, ponderam, se não houver nada de significativo, a desmoralização será da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, que comanda a operação em Curitiba.
Todos os mandados cumpridos pela PF atingem pessoas muito próximas ao petista. Nesta sexta, uma autoridade da Lava Jato afirmou ao "Painel" que o pior ainda está por vir.
Embora auxiliares do governo tenham ventilado, em um primeiro momento, que a operação desta sexta é uma reação à saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, a fase atual da Lava Jato é resultado de um pedido do Ministério Público, não da PF, e as diligências, uma de 20 de fevereiro e outra do dia 22 do mesmo mês, foram pedidas antes da demissão do petista.
'ESPETÁCULO POLÍTICO'
Integrantes da defesa do ex-presidente classificaram a operação no prédio de Lula e de seu filho, Fábio Luiz Lula da Silva, também conhecido como Lulinha, como um "espetáculo político". Para eles, é mais uma tentativa de criminalizar Lula. Segundo os advogados, o ex-presidente nunca se recusou a depor e, portanto, levá-lo de maneira forçada para prestar depoimento é "absurdo".
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