Eduardo Cunha respira com foco de operação em Lula e Dilma
Primeiro congressista a virar réu nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perdeu apoio entre seus pares para permanecer no comando da Câmara, mas ganhou fôlego extra com a ofensiva da Lava Jato sobre o governo Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na quarta-feira (2), quando o Supremo Tribunal Federal reuniu a maioria para aceitar a denúncia contra ele, Cunha foi alvo de acalorados pedidos de afastamento na tribuna da Câmara.
O foco mudou, porém, depois da notícia de que o ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) fechara acordo de delação premiada e após a operação que teve como principal alvo o ex-presidente Lula.
A Folha conversou durante a semana passada com líderes e dirigentes de cerca de 20 dos principais partidos da Câmara.
Diferentemente do ano passado, quando Cunha ainda reunia sólido apoio entre seus pares, o discurso majoritário era o de que ele não teria mais condições de comandar uma das casas do Legislativo.
Entre os grandes partidos, apenas PMDB, PP e PSD diziam que Cunha ainda reunia condições de permanecer no cargo. Apesar disso, o apoio do PMDB, a maior bancada da Casa, é relativo, já que Cunha perdeu a disputa interna do controle da bancada para Leonardo Picciani (RJ).
Até mesmo o líder do oposicionista Solidariedade, partido incondicionalmente aliado a Cunha, declarou ser melhor uma licença do cargo.
"Até para dar um bom exemplo, até para nos dar força para pedir a saída da Dilma. Porque ele ficando é bom para a Dilma", disse Genecias Noronha (CE), ressaltando que a decisão é pessoal do peemedebista e que não faria apelos no plenário, como outros partidos.
A oposição recrudesceu a pressão sobre o presidente da Câmara com o mesmo argumento de Noronha. O de que a permanência de Cunha atrapalha o êxito do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.
PODE MUDAR
Na sexta (4), porém, integrantes do PSDB e do DEM já comentavam que talvez seja mais produtivo concentrar a artilharia em Dilma e Lula e deixar Cunha "para um segundo momento".
O presidente da Câmara, réu sob a acusação de ter recebido US$ 5 milhões desviados da Petrobras, tem repetido que não irá renunciar ao cargo em nenhuma hipótese.
Seu mandato termina em janeiro de 2017. Caso não abra mão da função, a sua saída só ocorrerá em duas hipóteses -se o STF decidir afastá-lo, em julgamento que deve ocorrer nas próximas semanas, ou se ele tiver o mandato cassado pela Câmara, decisão que deve demorar ainda meses para ser tomada.
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