Não haverá trocas ministeriais antes de votação do impeachment, diz Dilma
Alan Marques/Folhapress | ||
Presidente Dilma Rousseff discursa na posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil |
A presidente Dilma Rousseff decidiu seguir recomendação de peemedebistas governistas e anunciou que não fará qualquer mudança ministerial antes da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados.
A possibilidade era avaliada desde a semana passada pela petista e foi tomada após o PR e o PP informarem ao Palácio do Planalto na segunda-feira (4) que há ainda dissidências internas nas bancadas dos partidos na Câmara para que aumentem seus espaços na Esplanada dos Ministérios.
O adiamento, no entanto, apesar de garantir o apoio de setores peemedebistas contra o impeachment, é avaliado como arriscado por assessores presidenciais, para os quais ele pode estimular traições dentro do PP e do PR.
"O Palácio do Planalto não pretende transformar qualquer reestruturação ministerial antes de qualquer processo de votação na Câmara. Nós não queremos mexer em nada atualmente", disse a presidente, após visita a um avião de carga da Embraer.
Ela afirmou ainda que o Ministério da Educação "não está em questão" no varejo de cargos para barrar o processo de afastamento da petista e avaliou a possibilidade como uma "especulação".
A oferta da pasta ao PP chegou a ser avaliada pelo Palácio do Planalto como uma possibilidade de manter o peemedebista Marcelo Castro à frente do Ministério da Saúde, uma reivindicação feita pela bancada do PMDB na Câmara para garantir de 20 a 25 votos contra o impeachment.
Inicialmente, a pasta da Saúde chegou a ser oferecido ao PP, mas, pela pressão do PMDB, o governo federal ensaiou um recuo. A presidente não quis fazer avaliação se a saída do partido do governo foi precipitada, como afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
NOVAS ELEIÇÕES
A presidente Dilma Rousseff também fez uma provocação em relação à proposta do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) de realizar novas eleições presidenciais neste ano, o que tem sido defendido também por parlamentares do PSB, PPS e Rede.
A presidente disse nem rechaçar nem aceitar a iniciativa, mas ressaltou que só discutirá o assunto quando tanto a Câmara dos Deputados como o Senado aceitarem também participar de um processo eleitoral antecipado.
"Convence a Câmara e o Senado de abrirem mão de seus mandatos. Aí, vem conversar comigo", disse Dilma.
Ela avaliou ainda como "lamentável" a tentativa de transformar as chamadas "pedaladas fiscais" em motivo para impeachment. Segundo a presidente, esse argumento transforma o processo em uma tentativa de golpe.
Ela lembrou que os veículos de comunicação noticiaram que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de impeachment no mesmo dia em que a bancada petista decidiu votar favoravelmente relatório que pedia o prosseguimento do processo de cassação do mandato dele.
"As notícias mostraram que era uma retaliação pelo fato de nós não termos dado os votos no Conselho de Ética", disse.
A petista afirmou ainda que é "impossível" governar sem que se tenha no país um pacto pelo diálogo e se não forem respeitadas "as regras do jogo".
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