Se votação fosse hoje, impeachment teria aprovação de 72%, diz estatística
O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff teria votos favoráveis ao afastamento de 71,9% dos deputados caso a votação na Câmara fosse hoje, indica análise estatística do professor de economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Regis Ely.
Para que o processo seja aprovado, são necessários votos de 342 parlamentares, ou 67% do total. A Câmara tem 513 deputados.
A estatística considera que todos os deputados estariam presentes na votação. Caso 5% da Casa estivesse ausente, os votos favoráveis à saída da presidente cairiam para 68,6%.
Com ausência de 10%, Dilma conseguiria reverter o quadro, já que só 64,1% –percentual inferior aos 67% exigidos– dos presentes votariam a favor da saída da presidente, calcula Ely, que que atua nas áreas de previsão, análise de dados, séries temporais e finanças.
O algoritmo construído pelo professor parte do princípio de que a decisão dos deputados sofre influência do partido e do Estado pelo qual foram eleitos. Com base nisso, ele infere qual será a posição dos que ainda não declararam seu voto (detalhes da metodologia podem ser vistos em regisely.com/blog/impeachment/ ).
A análise foi feita a partir de levantamento feito pela reportagem com 425 deputados até as 21h30 desta segunda-feira (11), data em que a comissão do impeachment na Câmara aprovou o relatório favorável à saída de Dilma, por 38 votos a 27.
Dos deputados contatados pela reportagem, 265 se mostraram a favor do impeachment; 105, contra; 34 se declararam indecisos; e 21 não preferiram não se manifestar.
O número de deputados que se declaram indecisos mostra que há negociação em curso, o que eleva a volatilidade das decisões.
EFEITO MANADA
Ely ressalta dois fatores que podem afetar a previsibilidade da votação, prevista para ocorrer no dia 17.
A ordem de votação, que ainda não foi definida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode provocar um "efeito manada". Além disso, se em algum momento a votação estiver decidida, os deputados podem mudar de opinião ou se abster.
"Esses fatores podem gerar distorções significativas no percentual de favoráveis que o algoritmo prevê, mas não creio que influenciem o resultado final da votação", diz Ely.
Também tem impacto na previsibilidade o índice de ausência na votação, já que cada falta implica um voto a menos a favor do processo.
O algoritmo foi construído como exercício de previsão com fins didáticos e de demonstração do uso de técnicas de análise de dados em problemas práticos, afirma o professor da UFPel. Contribuíram com o projeto os professores Cláudio Shikida (UFPel) e Bruno Speck (USP).
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