Dilma diz que Temer está 'usurpando o poder' e é 'cúmplice do golpe'
Alan Marques/Folhapress | ||
A presidente Dilma Rousseff e a presidente da Caixa Miriam Belchior, durante anúncio do Minha Casa |
A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar nesta sexta-feira (6) que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) está "usurpando o poder" e é "cúmplice" do processo de impeachment contra seu mandato, classificado por ela como "golpe".
Segundo Dilma, seu impeachment é "violento" porque teve como condutor o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do mandato e do cargo nesta quinta-feira (5) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
"Não vamos nos iludir. Todos aqueles que são beneficiários desse processo, como por exemplo os que estão usurpando o poder, infelizmente o vice-presidente da República, são cúmplices de um processo extremamente grave", disse Dilma em discurso de quase meia hora no Palácio do Planalto.
A presidente afirmou ainda que Cunha é uma pessoa "destituída de princípios morais e éticos" e afirmou que o peemedebista fez "chantagem explícita" com seu governo antes de aceitar o pedido de impeachment.
"O meu processo é tão violento porque foi necessária uma pessoa destituída de princípios morais e éticos, acusado de lavagem de dinheiro, de ter contas no exterior, para perpetrar o golpe", declarou a presidente.
"Ontem [quinta-feira], o Supremo disse que o senhor Eduardo Cunha era uma pessoa que usava de 'práticas condenáveis', e uma das práticas mais condenáveis foi a chantagem explícita feita pelo Eduardo Cunha com o meu governo", completou a presidente.
À época em que aceitou o pedido de impeachment contra Dilma, Cunha tentava conseguir que os três deputados do PT no Conselho de Ética da Câmara votassem a favor dele no colegiado, mas o comando petista orientou que os parlamentares ficassem contra Cunha. Em seguida, o peemedebista acatou o processo de impeachment, que foi aprovado na Câmara no domingo (17).
Dilma afirmou que "o pecado original" não pode "ficar escondido" e que é "muito incômoda" porque foi eleita e não cometeu "nenhum crime".
A presidente rechaçou mais uma vez a hipótese de renunciar ao cargo e disse que "resistirá até o último dia".
"Se eu renuncio, enterro a prova viva de um golpe absolutamente sem base legal e que tem por objetivo ferir interesses e conquistas dos últimos 13 anos", disse. "Tenho disposição de resistir e resistirei até o último dia", completou.
Dilma participou nesta manhã de uma cerimônia no Planalto para a assinatura da contratação de 25 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, número menor que o previsto pelo governo.
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Durante a semana, cogitou-se elevar o total para 70 mil imóveis, o que demandaria mais dinheiro da União em um momento de falta de recursos.
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