Aliados de Cunha preparam contra-ataque contra deputados pró-cassação
Eduardo Anizelli -5.mai.2016/Folhapress | ||
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado de seu mandato na Câmara e da presidência da Casa pelo STF |
Aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) planejam um contra-ataque a parlamentares que trabalham para acelerar sua cassação no Conselho de Ética da Câmara.
Cunha, que foi afastado do mandato como deputado e da presidência da Casa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), é alvo do colegiado e pode perder o mandato por ter mentido ao negar ser dono de contas no exterior, como demonstram investigações da Lava Jato.
Pessoas próximas ao peemedebista elegeram o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) como alvo prioritário. Ele é um dos porta-vozes do movimento que prega a cassação de Cunha o mais rápido possível.
O plano da tropa de choque de Cunha é pedir a abertura de processo contra Delgado no Conselho de Ética, sob a alegação de que ele mentiu ao dizer que não recebeu recursos da UTC, uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato, em 2014. A tese será sustentada por um registro da Justiça Eleitoral que aponta uma doação de R$ 100 mil para ele.
Os aliados de Cunha planejam usar uma fala de Delgado para sustentar que ele mentiu. Em discurso na CPI da Petrobras, em setembro de 2015, o deputado acusou o dono da empreiteira, Ricardo Pessoa, de ter mentido por citá-lo em delação como destinatário de dinheiro da empreiteira.
"Nem um centavo da sua empresa foi destinado à minha campanha de reeleição para essas eleições." Ele afirmou ainda que esteve com Pessoa como presidente do PSB de MG e que os R$ 150 mil doados pela empresa foram para o partido, mas que ele próprio não estava entre os beneficiários.
Na segunda parcial da prestação de contas de Delgado à Justiça Eleitoral, no entanto, consta uma doação de R$ 100 mil da UTC à sua campanha. O valor está registrado no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como contribuição feita para o PSB de Minas e, depois, remetida ao deputado.
Procurado, o deputado voltou a negar a doação. Ele afirma que é alvo de uma "tentativa desesperada de levantar uma lebre que, graças a Deus, já está morta". Delgado afirma que houve um equívoco de seu contador na segunda parcial entregue à Justiça e que a prestação final de contas de sua campanha não traz a doação.
Delgado virou alvo da Lava Jato no STF após Ricardo Pessoa ter dito que ele recebeu R$ 150 mil da empresa graças a um acerto ilícito.
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