Após impasse, PT não vai proibir aliança com PMDB nas eleições
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Rui Falcão, presidente do PT |
O presidente do PT, Rui Falcão, disse nesta terça (17) que o partido não vai proibir alianças com o PMDB, do presidente interino Michel Temer, mas vai "priorizar o diálogo" com siglas que se posicionaram contra o impeachment de Dilma Rousseff e vetar apoio a candidatos que foram publicamente favoráveis ao impedimento.
"Vamos priorizar o PCdoB e o PDT e outras [legendas] vamos discutir caso a caso", disse Falcão após reunião do diretório nacional do PT em Brasília. "Se alguém do PMDB quiser participar conosco, que não tenha apoiado o impeachment publicamente, desde que adote programas do PT, não há nenhuma objeção", concluiu.
Segundo o presidente petista, o PMDB é "um partido enorme" e, por isso, "certamente, país afora, deve haver militantes confiáveis".
O ataque, Falcão pondera, tem que ser sobre "a cúpula que ocupou o poder". Para ele, Temer e seus aliados têm "um plano antidemocrático e regressivo".
A decisão sobre a política de alianças para as eleições deste ano foi tomada após uma longa discussão entre os dirigentes da cúpula petista durante o encontro a portas fechadas em um hotel na capital.
Alas mais à esquerda do partido reivindicam que o PT não só "priorize" quem apoiou Dilma mas "se negue" a fazer acordo com legendas que encaminharam voto a favor do impeachment.
Dirigentes do campo majoritário da sigla, por sua vez, diziam que isso "inviabilizaria" a projeção do PT nas eleições, que deve priorizar a cidade de São Paulo, do prefeito Fernando Haddad.
O meio termo foi então proibir apoio a candidatos que votaram ou apoiaram publicamente o impeachment de Dilma.
"Vamos dirigir nosso diálogo e esforço de parcerias com os partidos do campo democrático e popular e estender o diálogo para partidos ou setores partidários que, avaliados caso a caso, possam, nos municípios, construir programas de governo comuns", disse Falcão.
Além da resolução sobre eleições, o PT vai divulgar nesta terça um documento em que faz uma rara autocrítica e aponta para "equívocos" do governo Dilma Rousseff e "erros", especialmente em relação à condução econômica e à política de alianças como as razões para o impeachment.
OPOSIÇÃO
A cúpula do PT também afirma que não reconhecerá o governo interino de Temer que, para os petistas, é "ilegítimo" e vai "impedir a retirada de direitos conquistados", "inviabilizando o governo".
Apesar de, nos bastidores, o discurso entre os petistas seja o de que Dilma não será absolvida pelo Senado e, por isso, "dificilmente" retomará seu mandato, o PT defende mobilizações em defesa do mandato da presidente afastada e pede que ela "apresente uma nova agenda" caso retome o cargo, com medidas como a reforma política e outras que impulsionem o emprego e o crescimento.
Para 1º de junho, data que coincide com o prazo para que Dilma apresente sua defesa no Senado, o PT convocou uma manifestação em todo o país em apoio à petista.
ENCONTRO EXTRAORDINÁRIO
O PT marcou um encontro extraordinário para novembro, precedido por duas reuniões do diretório nacional ampliado, em julho. A discussão também gerou polêmica na reunião desta terça.
A maior parte da CNB (Construindo um Novo Brasil), maior corrente interna petista, quer que o encontro seja constituído por delegados antigos, para garantir a manutenção do poder interno da sigla e reduzir o impacto do debate mais crítico em relação ao governo Dilma.
Falcão e setores mais à esquerda do partido defenderam eleições de novos delegados, dirigentes do PT com poder de voto. O debate precisou ser levado à executiva nacional da sigla para haver tempo de tentar tirar uma posição de consenso.
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