PSDB quer adotar modelo Doria pelo país
Bruno Santos -28.fev.2016/Folhapress | ||
O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo João Doria Jr. |
Após perder 300 prefeitos pelo país ao longo dos governos petistas, o PSDB quer recuperar o espaço perdido lançando "rostos novos" nas eleições municipais.
Além de João Doria, em São Paulo, que tenta se vender como empresário bem-sucedido, o partido aposta em deputados federais em início de carreira em cinco capitais.
Porto Velho terá Mariana Carvalho, 29; em Rio Branco, Major Rocha, 47; Daniel Coelho, 37, no Recife; e Giuseppe Vecci, 59, em Goiânia. Todos em primeiro mandato, salvo por Nelson Marchezan Júnior, 44, que está no segundo e será lançado em Porto Alegre.
No diagnóstico do PSDB, a pulverização política levará eleitores a escolher com base no perfil do candidato, e não de seu partido.
Hoje com cerca de 700 prefeitos pelo país, a legenda estipulou como meta dobrar o número. Para isso, insiste em candidaturas próprias em capitais, cidades com mais de 100 mil eleitores ou com geração de televisão.
O PSDB tem cerca de 700 prefeitos pelo país. Em 2000, o partido elegeu 987 prefeitos, sendo 4 de capitais.
"Estamos investindo muito em candidaturas próprias, coisa que ficou um pouco solta na última eleição", afirmou o deputado Silvio Torres, secretário-geral do PSDB.
Algumas campanhas terão o objetivo de alavancar candidaturas ao Congresso em 2018. Isso porque também na Câmara o partido se descapitalizou –são hoje 51 deputados federais, ante os 99 eleitos em 1998.
O enxugamento é decorrência da perda da máquina estatal, no diagnóstico do cientista político Carlos Melo, do Insper.
"O que aconteceu com o PSDB é absolutamente natural em um sistema político em que cargo e emenda são primordiais para o jogo de poder", afirmou Melo.
Para Marcos Nobre, professor de filosofia política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), não apenas o PSDB estava fora do poder, como sua "capacidade de fazer oposição foi praticamente esfarelada".
Ele aponta três motivos. O primeiro são as disputas internas entre três presidenciáveis tucanos –José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves.
O segundo é a impossibilidade dos governadores, em geral, e dos três, inclusive, de fazer oposição aos governos federal para evitar punições em repasses.
E, por fim, a fragilidade da oposição no Congresso, devido ao comportamento do centrão, que acompanha o governo, qualquer que seja ele.
"Isso é receita do desastre", disse Nobre.
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