Após ser hostilizada, Letícia Sabatella registra BO por agressão
Eduardo Knapp - 5.mai.2014/Folhapress | ||
A atriz Leticia Sabatella, que registrou um boletim de ocorrência por agressão |
Depois de ser hostilizada por manifestantes em favor do impeachment, a atriz Letícia Sabatella registrou um boletim de ocorrência por agressão numa delegacia de Curitiba, neste domingo (31).
Notória defensora da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e contrária ao impeachment, a atriz paranaense foi chamada de "puta", "comunista" e "sem-vergonha", enquanto era cercada por cerca de 20 pessoas durante o protesto.
"Não fui provocar ninguém, passava pela praça antes de começar a manifestação e parei para conversar com uma senhora. Meu erro. Preocupa esta falta de democracia no nosso Brasil. Eles não sabem o que fazem", escreveu Sabatella, que publicou um vídeo em seu perfil no Instagram.
Segundo a Polícia Civil, a atriz registrou o boletim de ocorrência, mas não quis representar contra os agressores –o que significa que não foi instaurado inquérito. A atriz tem 30 dias para, se quiser, pedir a abertura da investigação.
Um dos homens que a cercam empurra o celular da atriz, dizendo: "Pelo amor de Deus, vá embora; tira ela daí". Outra, vestida com uma bandana do Brasil e uma camiseta com a inscrição "República de Curitiba", grita: "Acabou a mamata para vocês; chora, petista".
Sabatella teve que ser cercada por policiais militares, que afastaram os manifestantes e a escoltaram por cerca de uma quadra. O grupo, então, se dispersou.
Nas redes sociais, a atriz afirmou que se aproximou quando viu cartazes pedindo a intervenção militar na fachada do Teatro Guaíra, em frente à praça onde ocorreu o protesto.
"Queria entender o que aquela senhora me falava, o ponto de vista sobre isso. Mas eles não falam por argumentos. Eles deixam o ódio gritar mais alto", escreveu.
A Polícia Militar do Paraná informou, por meio de sua assessoria, que não foi preciso deter ou imobilizar nenhum manifestante, e que não houve registro de agressão física.
Na internet, ativistas contrários ao impeachment e simpatizantes à atriz iniciaram um movimento para identificar os manifestantes que aparecem no vídeo.
PROVOCAÇÃO
Os organizadores do protesto lamentaram a hostilidade dos manifestantes, mas consideram que a atriz foi até o local "para tumultuar".
"A minha leitura é que ela foi com a intenção de provocar, de criar um fato", diz a coordenadora do Vem Pra Rua Curitiba, Sandra Regina Klippel.
"Somos contra qualquer tipo de hostilidade, de palavrões, mas é óbvio que, no momento em que ela entra numa manifestação contrária [à Dilma], as pessoas iam vaiar."
Para ela, Sabatella não tem razão ao afirmar que os manifestantes não são democráticos.
"Uma pessoa que não respeita a Constituição, que diz que um processo constitucional é golpe... Não sei como ela vai falar em democracia. Que democracia é essa?"
O músico Eder Borges, um dos líderes do Movimento Brasil Livre no Paraná, que também aparece nas filmagens, diz que Sabatella estava "nitidamente alterada".
"Eu não 'agredi' a 'atriz', apenas a confrontei no campo das ideias. Apesar de ela estar bem alterada", afirmou o músico. "Eu questiono o que ela estava fazendo ali."
O protesto anti-impeachment em Curitiba reuniu 25 mil pessoas, segundo a PM.
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