Altamira tem protesto contra violência após morte de secretário
De camisas brancas, com faixas e cartazes pedindo paz, cerca de 5.000 pessoas, segundo a organização, tomaram as ruas de Altamira (PA) nesta sexta-feira (14) para protestar contra a onda de violência instalada na cidade e que teve como última vítima o secretário do Meio Ambiente Luiz Araújo, morto na noite desta quinta (13).
Araújo foi assassinado a tiros quando estacionava o carro na porta de sua residência. O crime reacendeu o alerta na população, que critica a falta de segurança na região. Uma série de crimes não solucionados e o crescente número de homicídios e roubos têm assustado a população.
O secretário era visto como rígido. Entre as linhas de investigação da Polícia Civil para esclarecer o crime está descobrir inimigos feitos por ele devido à atuação no combate ao desmatamento e à exploração mineral.
"Nós fomos abandonados à própria sorte, e isso é inadmissível, é inaceitável o que vem acontecendo com as famílias da região do Xingu", afirmou a educadora Malaque Mauad, ex-conselheira tutelar do município. Altamira teve destaque no cenário nacional após a construção da usina hidrelétrica Belo Monte, que atraiu milhares de operários para a região, causando uma série de conflitos sociais.
Com a construção da hidrelétrica, a cidade passou a receber investimentos em áreas como saúde, educação e segurança, em ações compensatórias impostas pelo órgão licenciador do empreendimento.
Câmeras de segurança foram instaladas na cidade, mas o sistema ainda não opera em sua totalidade. O reforço no efetivo policial prometido para os anos de construção só foi mantido pela Secretaria de Estado da Segurança Pública até julho, quando o convênio foi encerrado.
Até um helicóptero para manter a vigilância na região foi comprado, mas assim que a aeronave, que custou R$ 50 milhões, chegou à capital do Estado, uma batalha entre governo e sociedade civil passou a ser travada.
Movimentos sociais e autoridades da região do Xingu afirmam que metade dos recursos destinados para a segurança foram gastos com o helicóptero, que desde janeiro está num hangar no aeroporto internacional de Belém.
A caminhada organizada pelos moradores pediu paz e exigiu respostas sobre os crimes ocorridos nos últimos anos e que ainda não foram solucionados pela polícia, entre eles o do secretário do Meio Ambiente. A polícia não sabe explicar o que teria motivado o crime e qual o paradeiro dos criminosos.
Ao fim do protesto, que durou quase duas horas e meia, os manifestantes pararam em frente ao prédio do Ministério Público e entregaram um documento que pede a realização de uma audiência pública para tratar sobre a segurança na região do Xingu.
A Folha procurou a Secretaria da Segurança Pública para comentar o assunto, mas não houve resposta.
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