Governador de PE critica Temer e reforça tese de retirada do PSB
Alexandre Gondim/JC Imagem | ||
O governador de Pernambuco Paulo Camara (PSB), que criticou relação de Temer com os Estados |
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), fez críticas ao presidente Michel Temer (PMDB), afirmando que "esperava mais" de seu governo, e reforçou a tendência de que o partido saia da base do governo.
Câmara, que também é vice-presidente da legenda, diz que falta diálogo do governo com a sociedade civil e gestores públicos, mas sobram conversas com o Congresso.
"Eu esperava mais [de Temer]. Esperava que Temer conseguisse fazer um governo de união nacional mais ampla", afirmou em entrevista à "Rádio Jornal" nesta segunda (19), no Recife.
Para Câmara, o peemedebista faz governo "muito mais voltado para o Congresso".
"Evidentemente que ele precisava aprovar medidas importantes, mas é preciso ampliar o leque de discussões e soluções junto aos governadores, prefeitos e à sociedade civil. Ele precisa fazer aquilo que disse que iria fazer: um governo de união nacional."
Na quarta (14), após reunião do diretório nacional, o PSB anunciou que vai ponderar o apoio a medidas do governo em relação à economia. "[O PSB] não aprovará medidas ou apoiará medidas que produzam diminuição ou supressão de direitos salvo se estes representarem privilégios", diz a carta assinada por Carlos Siqueira, presidente da legenda.
No encontro, segundo a Folha apurou, alguns diretórios regionais estão estudando desembarcar do governo Temer, como o Rio Grande do Sul. A saída da base aliada, porém, precisa ser discutida em reunião da executiva nacional.
O governo quer conter esse movimento do PSB para evitar que outros partidos aliados façam o mesmo tipo de ameaça, visando garantir benefícios federais. O PSB tem 34 deputados e 6 senadores.
'INSATISFAÇÃO'
A insatisfação já era esperada, disse Câmara. "O posicionamento do partido é muito claro desde o início. Desde o impeachment achávamos que a melhor solução para o Brasil era a realização de novas eleições. Apenas a saída da presidente Dilma não resolveria, teria de ter a renúncia do vice-presidente, Michel Temer ou julgamento no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]."
Atualmente, o PSB comanda o Ministério de Minas e Energia com o deputado Fernando Filho (PE). Com a minirreforma ministerial prevista para fevereiro do ano que vem, porém, o PSB pode receber o Ministério do Meio Ambiente, hoje com o PV, partido que já anunciou independência no Congresso.
"Pelo partido nós não teríamos aceitado cargos no governo, era uma decisão da bancada. Mas, independentemente dessas questões, temos que ajudar o Brasil a sair da crise", afirmou à rádio.
Apesar de não aprovar os primeiros meses do governo Temer, Câmara diz não defender a possibilidade de eleições antes de 2018. "Acabamos de sair de um processo de impeachment, que foi traumático e que, no meu entendimento, não fez bem ao Brasil."
Sobre uma possível reeleição ao governo de Pernambuco e os planos do PSB para a disputa presidencial, Câmara se esquivou declarando que "2018 deve ser discutido em 2018".
A reportagem tentou ouvir o governador, mas, segundo sua assessoria, ele participava de outros compromissos e não poderia dar entrevista. O Planalto não se manifestou.
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