Baixa participação em eleição interna leva a troca de acusações no PT
Evaristo Sa/AFP | ||
Senador Lindbergh Farias (RJ), que quer disputar a presidência do PT |
Mesmo sem a conclusão da apuração, a primeira etapa da eleição do novo comando do PT já é alvo de divergências internas dentro do partido.
Um dos líderes do movimento de oposição interna, o Muda PT, o secretário nacional de Formação, Carlos Henrique Árabe, responsabilizou nesta segunda-feira (10) a corrente majoritária –CNB (Construindo um Novo Brasil)– pela baixa participação de militantes nas eleições ocorridas neste domingo (9).
Segundo estimativa preliminar da cúpula do PT, pouco mais de 200 mil militantes participaram da escolha de seus dirigentes e delegados municipais.
Esse total representa menos da metade do número de votantes do PED (Processo Eleitoral Direto) de 2013. Há quatro anos –pouco antes da explosão da operação Lava Jato– o quorum superou 420 mil.
"Essa queda geral a 50% é de responsabilidade da CNB", acusou Árabe, para quem o atual comando não faz uma autocrítica acerca de seus procedimentos.
"Eles se negam a reconhecer que existe uma crise", acrescentou.
CANDIDATO A PRESIDENTE
Árabe reclama também do fato de o senador Lindbergh Farias (RJ) não ter votado na véspera porque pagou sua contribuição partidária no dia 28 de março.
Para ter direito a voto, os detentores de mandato, ocupantes de cargos comissionados e candidatos nas eleições internas teriam que pagar sua contribuição partidária até o dia 20 de março. Do contrário, não poderiam votar.
Candidato à presidência do PT, Lindbergh não pode votar e alega não ter sido avisado dos prazos para participação no PED.
"Como eles querem falar de unidade usando esse tipo de artifício?", queixa-se Lindbergh.
Irritado com a divulgação de boatos de que Lindbergh não poderá concorrer à presidência do PT, Árabe chama a proibição de "mais um aspecto vil da burocracia petista".
Presidente do PT do Rio, Washington Quaquá diz que os prazos para participação no PED eram públicos e rebate: "Jogo sujo é jogar a culpa numa suposta burocracia quando se é pego no erro. Ele diz que quer mudar o partido, quer ter um partido militante, orgânico, socialista. E sequer paga suas obrigações estatutárias com o partido".
SISTEMA DE VOTAÇÃO
A futura direção é a que comandará o partido nas eleições presidenciais de 2018. Seu mandato será de apenas dois anos.
A escolha de seu novo comando acontecerá em três etapas.
Neste domingo, foram eleitos os diretórios municipais, os presidentes municipais e os delegados estaduais em todo o país.
Em maio, os delegados estaduais recém-eleitos escolherão diretórios e presidentes estaduais. Eles também elegerão os delegados do congresso de junho, quando será eleito o novo comando nacional do PT.
Para justificar a baixa participação, os petistas também lembram que em 2013, para a escolha da atual direção, houve uma eleição geral.
Em 2017, o processo foi desmembrado, o que acaba pesando para a redução do número de eleitores.
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