Delatores relatam 'vantagens indevidas' a Eduardo Campos
Avener Prado - 25.jul.14/Folhapress | ||
Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco. |
Os delatores da Odebrecht João Antônio Pacífico, ex-diretor superintendente para as áreas Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e Carlos Fernando do Vale Angeiras, ex-diretor de contratos, relataram aos procuradores da Lava Jato que entre os anos de 2007 e 2008 a empreiteira pagou "vantagem indevida" ao então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto em 2014 em acidente aéreo.
Segundo os delatores, Campos e o seu interlocutor Aldo Guedes recebiam um percentual de 3% dos valores dos contratos que o Grupo Odebrecht mantinha no estado.
Guedes era sócio de Campos na Fazenda Esperança e na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, em Brejão (PE).
O dinheiro repassado a Campos e Guedes, segundo os ex-executivos da empresa, alcançaria R$ 5 milhões de reais.
Os pagamentos eram contrapartida de um acordo de ajuste para fixação artificial de preços e controle de mercado relativo à obra do Adutor Pirapama, na região metropolitana de Recife, nos anos de 2007 e 2008.
O Adutor Pirapama era, na ocasião, a maior obra hídrica do Nordeste e foi projetado para aumentar em 48% o abastecimento de água na região metropolitana do Recife, que sofria com o rodízio de água.
Como Aldo Guedes não tem prerrogativa de foro, o ministro Edson Fachin determinou que as delações dos ex-executivos da Odebrecht sejam enviadas para o Judiciário e para o Ministério Público de Pernambuco.
A reportagem não obteve resposta dos representantes de Guedes até a publicação desta nota.
HISTÓRICO
Neto do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, Eduardo Campos comandou o estado por dois mandatos, entre os anos de 2007 e 2014.
Antes, havia sido ministro da Ciência e Tecnologia, no governo Lula, entre 2004 e 2005.
Candidatou-se à Presidência da República, em 2014.
Na manhã de 13 de agosto, porém, o avião modelo Cessna Citation 560XLS+ em que viajava do Rio de Janeiro para o Guarujá caiu em um bairro residencial de Santos. Ninguém que estava a bordo sobreviveu.
OUTRO LADO
O advogado de Guedes, Ademar Rigueira Neto, afirmou nesta quarta (12) que seu cliente só irá se pronunciar quando tiver acesso ao conteúdo dos depoimentos em que é mencionado.
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