Cabral recebeu R$ 12 mi para ajuda de campanha, diz delação da Odebrecht
Geraldo Bubniak - 10.dez.2016/Agência O Globo | ||
Ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral é levado à carceragem da PF em Curitiba |
Dois delatores da Odebrecht relataram ao Ministério Público Federal terem feito 12 pagamentos mensais de R$ 1 milhão cada um ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) para quitar "remanescentes da campanha" de 2006.
Em contrapartida, dizem os delatores, o grupo Odebrecht "almejava favorecimento em projetos de infraestrutura no Rio de Janeiro". A companhia já havia feito um pagamento de R$ 3 milhões ao candidato na disputa de 2006, mas, depois da eleição, Cabral "teria solicitado o pagamento de remanescentes no valor de R$ 12 milhões".
As acusações foram feitas pelos delatores Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, ex-presidente da presidente da Odebrecht Infraestrutura —preso durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, em fevereiro de 2016– e João Borba Filho, ex-diretor de desenvolvimento de negócios da Odebrecht Infraestrutura.
Segundo os delatores, participavam da "distribuição" Wilson Carlos Cordeiro, Maria Auxiliadora Pereira Carneiro e Pedro Ramos de Miranda, respectivamente, secretário de Governo e assessores do então governador.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o envio de cópia dos depoimentos à Justiça no Rio de Janeiro.
OUTRO LADO
A defesa do ex-governador informou que só irá se manifestar em juízo.
INVESTIGAÇÃO
O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.
Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).
No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União. Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.
Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.
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