Planilha de Joesley indica caixa 2 a Temer em 2010
Danilo Verpa - 13.fev.2017/Folhapress | ||
O empresário Joesley Batista, dono da JBS, na sede da empresa, em São Paulo |
O empresário Joesley Batista, dono da JBS, entregou à Procuradoria-Geral da República planilha com a inscrição "Julio Bono/Temer" ao lado da indicação de um pagamento R$ 2 milhões para a agência de comunicação Pública, do principal marqueteiro do presidente Michel Temer, Elsinho Mouco.
É o primeiro controle em papel produzido e entregue pela JBS que vincula o presidente a supostos pagamentos ilegais. A inexistência, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de pagamentos nesse valor pode confirmar a prática de caixa dois na campanha de Temer em 2010.
A Folha não localizou nos registros do TSE nenhum pagamento oficial realizado à empresa de Mouco na campanha de Temer, candidato a vice de Dilma Rousseff (PT).
Há naquele ano pagamentos declarados, pelo DEM do Sergipe e pelo PTB de São Paulo, de R$ 2,8 milhões para a agência de Mouco, mas por outras campanhas.
Aberta em 2005, a agência "Pública Comunicações" –e não "Pública Comunicação", como está na planilha da JBS– está registrada em nome duas pessoas de sobrenome Mouco.
O nome associado a Temer na planilha é o do coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo que foi, por cerca de 20 anos, o principal auxiliar de Temer. Bono morreu afogado em novembro de 2010, em Pernambuco.
A planilha entregue por Joesley com a inscrição "Julio Bono/Temer" tem um histórico de três pagamentos de um total "disponibilizado" de R$ 3 milhões em 2010.
Segundo a planilha, o primeiro pagamento, de R$ 1 milhão, ocorreu em 10 de agosto daquele ano, para o "comitê financeiro DF nacional para pres. da República-PMDB". No TSE, há registro de uma doação da JBS no mesmo valor ao comitê financeiro nacional do PMDB.
Treze dias depois, houve o segundo pagamento, de R$ 1 milhão, desta vez para a empresa Pública. O terceiro pagamento, no mesmo valor, ocorreu um mês depois, em 22 de setembro.
Segundo a tabela, há duas notas fiscais que podem comprovar os pagamentos –as notas, contudo, não foram anexadas ao processo no STF.
Joesley informou à Procuradoria detalhes desses pagamentos. Em um "anexo", espécie de resumo do que o delator pretendia contar à Procuradoria, o empresário afirmou que "atendendo a um primeiro pedido de Temer", ele "concordou em pagar R$ 3 milhões em propinas, sendo R$ 1 milhão através de doação oficial e R$ 2 milhões" para a Pública.
OUTRO LADO
Em nota enviada à Folha neste domingo (21), Elsinho Mouco afirmou que Joesley "omite que, na campanha de 2010, a Pública trabalhou para a sua família, dando a entender em sua delação que os pagamentos feitos à minha empresa não lhe dizem respeito".
Na versão de Mouco, a Pública foi contratada "para apoiar o projeto eleitoral de Junior Friboi, irmão mais velho de Joesley e Wesley, então filiado ao PTB, não ao PMDB, e que planejava lançar-se como vice na chapa de Marconi Perillo ao governo de Goiás".
Mouco diz que trabalhou no período "que antecede a campanha" e que o "pacote foi quitado nos meses de agosto e setembro daquele ano, como mostram as notas fiscais apresentadas na planilha".
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