Temer recua e deve apoiar nome de lista tríplice para vaga de Janot
José Cruz - 5.out.2016/Agência Brasil | ||
O presidente Michel Temer e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em sessão do STF |
O presidente Michel Temer pretende seguir um nome da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) para substituir o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ele chegou a cogitar não escolher alguém da lista, mas, para evitar a acusação de tentar interferir na Operação Lava Jato, manifestou em conversas reservadas a intenção de respeitá-la.
A avaliação é de que ele não pode correr o risco de se desgastar ainda mais, criando atritos com membros da PGR (Procuradoria-Geral da República). Nas palavras de um aliado presidencial, a categoria jamais iria aceitar uma nomeação de fora.
No Planalto, cresce o favoritismo do subprocurador-geral Mario Bonsaglia, um dos oito candidatos à eleição da ANPR. Ele aparece ao lado da subprocuradora Raquel Dodge como cotado para ficar entre os dois primeiros.
Para a equipe do presidente, além de fazer críticas pontuais a Janot, Bonsaglia é considerado um nome mais aberto ao diálogo e de posições moderadas. Nos bastidores, faz críticas a aspectos técnicos das atuais investigações e ao estilo, avaliado como centralizador, de Janot.
Não há na gestão peemedebista fortes resistências a Raquel, mas uma preocupação com um perfil considerado "imprevisível", o que não seria tão favorável diante de um momento decisivo para o presidente, com apresentação de denúncia contra ele.
A eleição está marcada para terça-feira (27), de 9h às 18h. Os candidatos disputam uma das três vagas da lista tríplice. O resultado será divulgado às 18h30.
Pela Constituição, o presidente pode nomear qualquer integrante do Ministério Público da União com mais de 35 anos. O mandato de Janot termina em 17 de setembro. A lista tríplice foi instaurada em 2001 e, desde 2003, o presidente indica o mais votado.
Em debate promovido pela Folha, na sexta (23), Bonsaglia prometeu dar "todo o apoio aos trabalhos das forças-tarefas de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo" e disse que os atuais investigadores "se sentirão à vontade de continuar trabalhando" com ele.
Em nota, Bonsaglia disse que, "por questões éticas e por não ter acesso aos processos", não faz críticas ou comentários sobre o trabalho técnico de Janot na Lava Jato.
Já Dodge declarou assegurar "integral e plena continuidade do trabalho contra a corrupção da Lava Jato, Greenfield, Zelotes e todos os demais processos em curso, sem recuar, nem titubear".
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QUEM SERÁ O SUCESSOR DE JANOT?
É visto como o mais próximo de Janot
NICOLAO DINO
Apontado como o candidato mais próximo de Janot, notabilizou-se por pedir a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE
INGRESSO NO MPF
1991
CARGO ATUAL
É subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral eleitoral
ANTERIORES
Já foi conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público e coordenou a Câmara de Combate à Corrupção do MPF
VIDA ACADÊMICA
É mestre em direito pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e professor da UnB
Fazem críticas pontuais/moderadas a Janot
ELA WIECKO
Conhecida por ligação com a causa indígena. Deixou de ser vice de Janot após participar de um protesto anti-impeachment
INGRESSO NO MPF
1975
CARGO ATUAL
É subprocuradora-geral da República, atua no STF na área cível e coordena a Câmara de Direitos Sociais e Fiscalização dos Atos Administrativos
ANTERIORES
Foi vice-procuradora-geral da República no mandato de Rodrigo Janot e já coordenou a Câmara de Direitos Indígenas
VIDA ACADÊMICA
É doutora em direito e docente na UnB (Universidade de Brasília)
FRANKLIN RODRIGUES DA COSTA
Candidatura surpreendeu parte dos procuradores, pois foi vista como inesperada. É tido como "outsider"
INGRESSO NO MPF
1989
CARGO ATUAL
É subprocurador-geral da República
ANTERIORES
Foi procurador eleitoral e dos direitos do cidadão. Atuou com direitos humanos e apurou tortura e grupos de extermínio
VIDA ACADÊMICA
Formado em comunicação e direito e pós-graduado pela UnB
MARIO LUIZ BONSAGLIA
Faz críticas pontuais à gestão de Janot. Em 2015, ficou em segundo lugar na lista tríplice -a expectativa é de que seja bem votado
INGRESSO NO MPF
1991
CARGO ATUAL
É subprocurador-geral com atuação criminal no STJ. Coordena a Câmara que trata do sistema prisional e do controle externo da PF
ANTERIORES
Foi do Conselho Nacional do Ministério Público e procurador regional eleitoral em SP
VIDA ACADÊMICA
É doutor em direito do Estado pela USP
São vistos ou se declaram como oposição a Janot
CARLOS FREDERICO SANTOS
Concorreu em 2015, quando fez forte oposição a Rodrigo Janot e ficou fora da lista tríplice. Diz que a Lava Jato precisa ser mais eficaz
INGRESSO NO MPF
1991
CARGO ATUAL
É subprocurador-geral da República com atuação na área criminal no STJ (Superior Tribunal de Justiça)
ANTERIORES
Presidiu a Associação Nacional dos Procuradores da República de 1999 a 2003, quando a lista tríplice foi criada
VIDA ACADÊMICA
É mestre em direito e especialista em direito público pelo UniCEUB
EITEL SANTIAGO DE BRITO PEREIRA
Concorreu pela última vez em 2009. Era do grupo do ex-procurador-geral Geraldo Brindeiro (1995-2003)
INGRESSO NO MPF
1984
CARGO ATUAL
É subprocurador-geral da República e atua no STJ
ANTERIORES
Já oficiou em processos cíveis no STF (Supremo Tribunal Federal) e foi corregedor-geral do Conselho Superior
VIDA ACADÊMICA
É professor de direito constitucional da UFPB e mestre em Constituição e Sociedade pelo IDP
RAQUEL ELIAS FERREIRA DODGE
Faz oposição moderada a Janot e diz que a Lava Jato precisa ser célere. Em 2015, ficou em terceiro lugar na lista tríplice
INGRESSO NO MPF
1987
CARGO ATUAL
É subprocuradora-geral da República com atuação no STJ na área criminal
ANTERIORES
Coordenou a Câmara Criminal e atuou na operação Caixa de Pandora (2009), que revelou o mensalão do DEM
VIDA ACADÊMICA
É mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA)
SANDRA CUREAU
Declara-se de oposição a Janot. Já ocupou muitos cargos. Hoje é menos conhecida entre os procuradores jovens
INGRESSO NO MPF
1976
CARGO ATUAL
É subprocuradora-geral da República e integra a comissão examinadora de concursos para procurador da República
ANTERIORES
Foi vice-procuradora-geral da República e vice-procuradora-geral eleitoral, com atuação perante o STF e o TSE
VIDA ACADÊMICA
Fez mestrado na Uerj e é doutoranda em direito na Universidade de Buenos Aires
O ATUAL
Rodigo Janot foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2013 após encabeçar a lista tríplice. Em 2015, foi reconduzido por Dilma ao ser novamente o mais votado. Hoje, é responsável por investigação sobre o presidente Michel Temer
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