Após reuniões com Temer, DEM minimiza crise
Pedro Ladeira - 18.jul.2017/Folhapress | ||
Michel Temer deixa a residência oficial da presidência da Câmara, após jantar com Rodrigo Maia |
Um dia após ver o presidente Michel Temer tentar frear o avanço sobre rebeldes do PSB, lideranças do DEM procuraram encerrar o assunto nesta quarta-feira (19).
O primeiro gesto no sentido de virar a página foi do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que começou o dia negando que a movimentação de Temer tenha sido discutida no jantar que aconteceu na noite de terça-feira (18), na residência oficial do deputado.
"Não existiu esta conversa. [Não houve] nenhuma conversa objetiva. [Falamos de] assuntos do passado e agenda da Casa. Apenas isso. Quem falou diferente mentiu. Pode escrever aí se quiser", disse Maia à Folha no começo desta manhã.
Pouco antes de embarcar para seu Estado, no final da manhã, o vice-líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), foi ao Palácio do Planalto para conversar com Temer. Saiu do encontro afirmando que houve uma "falsa crise" e que este episódio é "página virada".
"Consta que o presidente não convidou parlamentares para ingressarem no partido dele e nem tentou dissuadir deputados para virem para o Democratas. Dentre outros assuntos, a gente tratou também dessa questão. Eu disse para ele e ele também entende, isso é página virada. A conversa com o deputado Rodrigo Maia ontem, no jantar, foi absolutamente de dois amigos", disse Pauderney.
Para Avelino, se a crise com Temer foi superada, o momento agora é de retomar a busca por deputados para engordar a bancada do DEM.
"Aqueles deputados que tiverem dificuldade nas suas legendas para exercer livremente o seu desejo de reformar o país encontrarão abrigo no nosso partido. Se quiserem vir, a porta está aberta", afirmou o vice-líder do DEM.
PANOS QUENTES
O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), também disse que os ânimos esfriaram.
"O clima melhorou. O partido se posicionou e recebeu o reconhecimento de que foi infeliz a ofensiva do PMDB para atravessar as conversas entre Democratas e PSB. Essa não é hora para construir muros, mas sim pontes na relação com os aliados", disse o líder à Folha.
Desde que a cúpula do PSB decidiu punir os parlamentares que votassem a favor das reformas trabalhista e da Previdência, praticamente metade dos 36 deputados da legenda se rebelou e manteve-se governista.
É justamente sobre este grupo que Maia tem avançado. Como a Folha mostrou no sábado (15), o presidente da Câmara articula uma migração para turbinar seu partido, hoje com apenas 29 deputados. A meta é chegar a 50 e tomar o lugar do PSDB como a terceira maior bancada.
Alguns integrantes do DEM identificaram um recuo do governo e dizem acreditar que houve até benefícios para o partido.
"Acabou precipitando a definição de muitos do PSB pelo Democratas", disse Efraim.
Na terça-feira, Temer deu origem a uma grande confusão com o DEM ao visitar a líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), na terça, para convidar os governistas da legenda a ingressar no PMDB.
O presidente, seus auxiliares e aliados negam que ele tenha feito o convite. Mas Tereza Cristina disse a Folha na manhã de terça-feira que o objetivo do peemedebista na conversa foi exatamente este.
"Estamos sendo assediados por alguns partidos. Ele [Temer] falou com a gente sobre a possibilidade do PMDB. [Perguntou] se já tínhamos pensado nisso", disse Tereza Cristina na terça.
Ela disse ainda que o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), já havia procurado os insatisfeitos do PSB e que Temer quis sondar como andavam as conversas para que o grupo de seis a 15 insatisfeitos deixasse o PSB.
O avanço de Temer revoltou a cúpula do PSB e obrigou Temer a cancelar uma visita a Pernambuco, principal reduto eleitoral da legenda.
JANELA PARTIDÁRIA
Integrantes do PSB dizem estar sendo cortejados não apenas por DEM e PMDB, mas também por PSD, PR e PRB.
A intenção dos que querem mudar de partido é esperar pela janela partidária, em março do ano que vem, para um movimento unificado.
Uma antecipação dessa janela, no entanto, está em discussão para que, até o final do ano, se tenha uma ideia do tamanho real de cada legenda para o cálculo do fundo partidário de 2018, quando há eleições.
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