Registros mostram entradas de delatores da JBS na sede da PGR
A PGR (Procuradoria-Geral da República) respondeu, depois de três meses, a um pedido feito pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação sobre as datas de entradas de delatores da JBS em sua sede, em Brasília.
O relatório enviado pela PGR confirma encontros de representantes do grupo antes das gravações secretas feitas com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
A gestão de Rodrigo Janot havia informado que os acessos não eram registrados por se tratar de um procedimento sigiloso, com base na lei que abrange a colaboração premiada.
Pedro Ladeira - 12.set.2017/Folhapress | ||
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot |
A reportagem havia solicitado no dia 4 de julho uma lista com as datas em que os delatores Joesley Batista, Ricardo Saud, Francisco Assis e Silva e o ex-procurador Marcello Miller estiveram na PGR.
A resposta foi dada no dia 4 de outubro, já na gestão da nova procuradora-geral, Raquel Dodge. De acordo com a lei de acesso, as respostas devem ser fornecidas em até 20 dias, com direito a uma prorrogação por mais 10 dias.
O documento enviado à reportagem confirma que a primeira reunião da JBS com a Procuradoria ocorreu em 2 de março deste ano.
No dia em que anunciou que o acordo dos delatores estava em xeque, Janot afirmou que a negociação só havia começado em 27 de março.
"[Antes] Nenhum dos atuais colaboradores, direta ou indiretamente, haviam buscado tratativas com a PGR para iniciar negociação de acordo penal", escreveu o ex-procurador-geral no documento que pedia a abertura de investigação sobre a participação de Miller.
Pedro Ladeira - 25.jul.2017/Folhapress | ||
A nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge |
INCOMPLETO
Nem todos os encontros dos delatores e de Miller foram registrados pela PGR, no entanto.
Em alguns casos, o acesso foi feito pela garagem e com pedido do gabinete de Janot para que não houvesse o protocolo.
No caso de Joesley, por exemplo, não aparece nenhum registro no relatório.
Saud, por sua vez, teve seu nome anotado apenas uma vez, em abril. Por outro lado, Miller era procurador ainda em função durante o mês de março, o que fez com que não fosse necessário seu registro.
Na resposta à Folha, sua entrada foi anotada em duas datas, 11 e 18 de abril, quando o pré-acordo de delação já estava assinado e o de leniência, em discussão.
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