Após agenda atrapalhada em Israel, comitiva com Maia e mais 9 vai à Itália

MIRIAM SANGER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE JERUSALÉM

A agenda em Israel do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e da comitiva formada por nove deputados foi encerrada nesta quarta-feira (1º) com passeio turístico pela Cidade Velha de Jerusalém e visita a Belém, na Cisjordânia. Lá, eles foram recebidos por um representante do Conselho Legislativo da Palestina no lugar do prefeito da cidade, Anton Salman, que cancelou o encontro pré-agendado.

A passagem dos políticos brasileiros por Israel foi marcada por reuniões oficiais breves a portas fechadas, várias mudanças de agenda e pouco contato com a imprensa, permitido parcialmente nos dois primeiros dias (em Israel), mas proibida nos dois dias seguintes, nas visitas a Ramalá (dia 31) e a Belém (1º). O horário de partida para a Itália também foi alterado de última hora.

As fotos oficiais da visita à Cisjordânia foram produzidas pelo Escritório de Representação do Brasil junto ao Estado da Palestina e liberadas para a imprensa –mas barradas por Rodrigo Maia.

Antes de se dirigirem ao Parlamento israelense (Knesset), os congressistas participaram de uma visita guiada pelo Museu do Holocausto.

A reunião com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, que havia sido divulgada pela assessoria de Maia, acabou não sendo confirmada. As outras duas reuniões previstas, com o presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, e o ministro de Segurança Pública, Gilad Erdan, duraram cerca de 20 minutos.

Em ambas, houve apenas uma conversa formal e troca de cortesias. A comitiva em seguida reuniu-se, mais uma vez a portas fechadas, com representantes de quatro empresas israelenses de segurança pública.

Na terça-feira, nova mudança de agenda: em lugar de uma visita a Belém, na Cisjordânia, o grupo se deslocou para Ramalá. Ali, colocaram uma coroa de flores sobre o túmulo de Yasser Arafat e depois se reuniram por cerca de 20 minutos com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, o primeiro-ministro palestino, Rami Hamdallah, e outros membros do Conselho Legislativo da ANP.

A viagem a Belém aconteceu nesta quarta pela manhã. Na agenda, um único evento: a visita à Igreja da Natividade, que passa por restaurações e precisa de apoio financeiro internacional para a finalização das obras.

DINHEIRO PÚBLICO

Essa viagem tem sido duramente criticada por acontecer em um momento crítico da política brasileira e pelo fato de ter sido custeada pelos cofres públicos.

A comitiva, à qual se agregou a mulher de Rodrigo Maia, formada por Baleia Rossi (PMDB-SP), Marcos Montes (PSD-MG), José Rocha (PR-BA), Alexandre Baldy (PODE-GO), Benito Gama (PTB-BA), Cleber Verde (PRB-MA), Heráclito Fortes (PSB-PI), Orlando Silva (PC do B-SP) e Rubens Bueno (PPS-PR), hospedou-se no David Citadel, hotel cinco estrelas em Jerusalém cuja diária gira em torno de R$ 1.400 por quarto.

Os trajetos aéreos estão sendo realizados com um avião da FAB. O valor de uma passagem aérea com o trajeto São Paulo - Tel Aviv - Roma - São Paulo (sem incluir Portugal) teria o custo de R$ 28.500 em classe executiva, de acordo com o site da companhia Air France.

Além do custo aéreo da FAB, o dinheiro público envolvido na viagem inclui diárias para bancar hospedagem, transporte local e alimentação. Ela é de US$ 428 (R$ 1.408) para cada um dos deputados. Devido ao seu cargo, Maia tem direito a um valor maior: US$ 550 (R$ 1.808) –na semana passada, a assessoria de Maia afirmou que ele decidiu abrir mão do recebimento das suas diárias.

Ao todo, cada deputado receberá US$ 2.750 (R$ 8.921). Ou seja, só as diárias, somadas, custarão quase R$ 90 mil aos cofres públicos.

ROTEIRO

Na Itália, o único compromisso é uma cerimônia no "monumento votivo militar brasileiro", na quinta-feira (2). O local fica em Pistoia (norte da Itália) e foi feito em substituição ao cemitério onde jaziam os soldados brasileiros que morreram em combate na Segunda Guerra Mundial.

De lá, a comitiva liderada por Maia segue para Lisboa, onde há encontro com diplomatas brasileiros e uma palestra de encerramento do 4º Seminário Internacional de Direito do Trabalho.

O sábado é reservado apenas para "agenda privada" em Lisboa.

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