FABIO FABRINI
TALITA FERNANDES
DE BRASÍLIA

Uma investigação independente contratada pela Caixa Econômica Federal recomendou que o banco dê continuidade à apuração sobre suspeitas de que o presidente da instituição, Gilberto Occhi, tenha pedido propina para repassar a seu partido, o PP.

O trabalho foi produzido pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto, a pedido de um comitê independente da Caixa.

A equipe de investigação sugere que seja averiguada a suposta atuação de Occhi "visando à obtenção de propinas por parte de políticos do PP, no período em que ele ocupou a VIGOV (Vice-presidência de Governo), entre setembro de 2013 e maio de 2014".

As acusações têm como base depoimentos prestados pelo corretor Lúcio Funaro à 10ª Vara Federal.

Funaro, que firmou acordo de delação com a Justiça, afirmou que Occhi tinha uma "meta de propina" para repassar ao PP. "Qualquer verba da Caixa para sair, tudo quanto é verba do governo, tinha que passar pela diretoria dele. Tinha que passar na vice-presidência dele", disse Funaro, em relação à atuação de Occhi. "E ele tinha uma meta, que não sei de quanto era. Meta de propina", disse o delator.

A apuração paralela foi encomendada pelo comitê independente da Caixa ao escritório de advocacia Pinheiro Neto à empresa de investigação privada Kroll e à auditoria PwC. O documento expôs os vínculos da atual cúpula com políticos investigados e mostrou como tem funcionado o balcão de favores do banco.

O material corrobora suspeitas do MPF (Ministério Público Federal) que pediu em dezembro do ano passado que o governo afastasse todos os vice-presidentes para que a escolha passe a ser feita por critérios técnicos.

O presidente Michel Temer decidiu nesta terça-feira (16) afastar quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa devido a suspeitas de corrupção e outras irregularidades. A decisão do Palácio do Planalto ocorreu depois a Folha revelar que o Banco Central recomendou o afastamento, corroborando pedido anterior do MPF.

Por meio de nota, a Caixa afirmou que, sobre a fala de Funaro, "não há nenhum elemento que ligue o presidente da CAIXA, Gilberto Occhi a qualquer irregularidade. Além disso, é importante lembrar que inexiste qualquer menção ao nome do presidente nos documentos existentes na investigação do MPF".

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