Movimentos de esquerda ficarão acampados a 1 km do TRF-4

Crédito: Jefferson Bernardes - 13.jan.2018/AFP People take part in a demonstration in defense of democracy and the right of former president Luiz Inacio Lula da Silva (PT) to be a candidate in the next national elections, in Porto Alegre in southern Brazil on January 13, 2018. Luiz Inacio Lula da Silva will be tried by the Supreme Court on January 24 in connection with acts of corruption in his government. / AFP PHOTO / Jefferson Bernardes
Manifestação a favor de Lula no parque da Redenção, em Porto Alegre, no último dia 13

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
ANA LUIZA ALBUQUERQUE
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Cerca de 10 mil integrantes dos movimentos de esquerda, especialmente camponeses, caminharão na próxima segunda-feira (22) até o acampamento a cerca de um quilômetro do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4 Região), onde ocorrerá o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Porto Alegre.

Eles se concentrarão em frente ao "antigo posto fiscal da Receita", na BR-116, localizado nas proximidades da Ponte do Guaíba. Em seguida, os trabalhadores sairão em marcha até o Anfiteatro Pôr-do-Sol, onde será montado um acampamento da Frente Brasil Popular.

O trajeto foi acertado com a Secretaria da Segurança Pública. A marcha contará com a presença do coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stédile e transitará por quatro avenidas.

A secretaria já definiu que o entorno do tribunal será isolado. O perímetro inclui o Parque Harmonia, onde, inicialmente, os movimentos de esquerda planejavam montar acampamento.

A data de início do isolamento ainda não foi determinada, mas os sete prédios públicos ao redor da corte terão o expediente suspenso a partir de meio-dia de terça-feira (23). Só entra no perímetro quem estiver credenciado.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress Área do julgamento de Lula em Porto Alegre
Área do julgamento de Lula em Porto Alegre

PROGRAMAÇÃO

Em entrevista à imprensa na tarde desta sexta-feira (19), lideranças da CUT, CTB, MST, UNE e PT-RS ressaltaram o caráter pacífico dos atos e que, mesmo com uma possível condenação de Lula, a mobilização em torno de sua candidatura continuará.

O vice-presidente do PT-RS, Carlos Pestana, confirmou que a expectativa para a vinda do ex-presidente a Porto Alegre é grande e que ele aguarda posicionamento de seus advogados. A ideia é que Lula esteja presente pelo menos na marcha de terça-feira (23).

Na segunda-feira (22), além do início do acampamento, haverá um encontro e debate entre partidos de esquerda ao redor do mundo. O "Seminário Internacional pela Democracia" acontecerá às 9h no Fetrafi-RS. Às 18h, no mesmo local, está marcado um encontro de juristas em defesa da democracia.

Na terça (23), às 9h, no auditório Dante Barone (na Assembleia Legislativa do RS), a ex-presidente Dilma Rousseff e a senadora Gleisi Hoffmann estarão presentes em um encontro de mulheres. Às 14h, no mesmo local, haverá uma reunião "anti-Davos" (cidade que sedia o Fórum Econômico Mundial ) para discutir o neoliberalismo. Segundo a Frente Brasil Popular, os senadores Roberto Requião (MDB) e Paulo Paim (PT) estarão presentes.

Mais tarde, às 18h, a cidade será palco de mais uma marcha e, em seguida, do início de uma vigília. Os manifestantes seguirão da avenida Borges de Medeiros até o acampamento.

Na quarta (24) haverá um ato no acampamento, após a sentença, e uma cerimônia de preparação da militância para retornar às suas bases. Não haverá outra caminhada –apenas a dispersão para os ônibus.

Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, afirmou que 2.000 dirigentes estão encarregados de garantir a segurança dos atos, ajudando, por exemplo, na dispersão dos manifestantes.

DEFESA

Atedendo a pedido da defesa do ex-presidente, o desembargador Leandro Palsen autorizou a presença do advogado britânico e conselheiro da rainha Elizabeth Geoffrey Robertson na sala de julgamento no próximo dia 24.

Geoffrey representa o petista na Comissão de Direitos Humanos da ONU, e o argumento dos advogados de Lula é que haveria no processo violação a garantias fundamentais.

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