Descrição de chapéu Eleições 2018

Novo MDB de Minas quer Adalclever no governo e Meirelles no Planalto

Novo presidente estadual, Saraiva Felipe disse que não abrirá mão da cabeça de chapa

Carolina Linhares
Belo Horizonte

O novo presidente do MDB em Minas Gerais, deputado federal Saraiva Felipe, afirmou nesta quinta (19) que buscará alianças a partir do princípio de que a sigla tem um nome para o governo do estado, o deputado estadual e presidente da Assembleia, Adalclever Lopes (MDB). 

Felipe negou a ideia de que a mudança na direção do MDB mineiro, na semana passada, tenha tido o objetivo de costurar um apoio à reeleição do governador Fernando Pimentel (PT) e, no plano nacional, disse ter compromisso com a candidatura de Henrique Meirelles (MDB) para o Planalto. 

"Consolidamos a nossa convicção de que há espaço para uma candidatura própria. O patamar da conversa com os outros partidos é a nossa candidatura em torno do Adalclever. Não estamos oferecendo um nome que pode compor uma chapa, não. Estamos oferecendo a cabeça de chapa", disse após reunião da nova direção do partido em Belo Horizonte.

Segundo Felipe, a convenção estadual do MDB, marcada para 5 de agosto, definirá a candidatura de Adalclever e não encerrará a discussão sobre alianças. A avaliação dos emedebistas é que o nome do deputado pode unir o partido dividido e congrega siglas, como o PV e o PRB, que garantem tempo de TV e ampliação das bancadas federal e estadual. Seu candidato a vice, porém, viria do Podemos. 

Além disso, o MDB quer apresentar-se como terceira via numa eleição polarizada entre Pimentel e o senador Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas. Nesse aspecto, porém, esbarra na pré-candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) e do deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM), que também se colocam como alternativas. 

"Tem espaço para algo novo na política de Minas e o MDB pensa que pode ocupar esse espaço", disse Felipe, afirmando que Anastasia, Pimentel e Lacerda têm rejeição alta. O deputado, porém, disse estar aberto a conversar com todos os partidos e pré-candidatos. 

A conversa com Lacerda, inclusive, está marcada para esta sexta (20). O ex-prefeito é cotado para a vaga de vice do presidenciável Ciro Gomes (PDT), caso haja uma aliança nacional entre PDT e PSB. Nesse caso, ao fechar com os pesebistas em Minas, o MDB poderia herdar o terceiro lugar nas pesquisas construído por Lacerda. 

A hipótese leva em conta ainda a viabilidade de Meirelles, que não decolou nas pesquisas. Caso ele não seja candidato, o palanque do MDB em Minas seria de Ciro, com PDT e PSB. Nesta quarta (18), o presidente do PSB em Minas, João Marcos Grossi Lobo, divulgou nota defendendo a aliança com o PDT, contrapondo-se à ala do partido que prefere apoiar o PT. 

Em relação a Pacheco, o MDB disse querer seu apoio. O deputado, por sua vez, acredita que terá o suporte de emedebistas com quem tem boa relação, já que era do partido antes de entrar para o DEM. 

SOB NOVA DIREÇÃO

Na semana passada, mais da metade dos membros do diretório do MDB mineiro renunciou, provocando a autodissolução do comando. A manobra foi feita para afastar o vice-governador, Antônio Andrade (MDB), da direção da sigla. 

Segundo os deputados, Andrade trabalhava por sua candidatura ao governo e por uma aliança com o DEM, sem conversar com outros partidos e sem garantir que os parlamentares seriam reeleitos. Andrade, por sua vez, classificou sua destituição de trama ardil autoritária e afirmou que os deputados querem coligar-se com o PT.

Felipe admitiu que há emedebistas que defendem a aliança com o PT. Em Minas, as siglas sempre foram aliadas, mas houve um rompimento com a pré-candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado. Para os deputados, há constrangimento em dividir o palanque com a petista, já que votaram pelo impeachment.

Felipe, porém, negou que a mudança na direção tenha sido pró-PT. "Claro que posso ter companheiros que gostariam de reeditar a aliança com PT, mas eu tenho posições em todas as direções. E na comissão [diretora] temos fluído para a mesma direção [da candidatura própria]. Vamos estabelecer contato com coordenadores regionais e instâncias municipais para afastar a ideia de que essa substituição tenha uma direção pré-determinada para o PT."

O novo presidente do MDB também praticamente descartou os outros nomes do partido, fora Adalclever, lançados para o governo: o próprio Andrade e o deputado federal Leonardo Quintão (MDB-MG). 

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