Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro diz que fala de Maia é irresponsabilidade e que não há brincadeira

Em encontro com empresários, presidente disse que Previdência 'é responsabilidade de todos'

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O presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria - Gilberto Marques/Governo de SP
São Paulo e Brasília

O presidente Jair Bolsonaro disse ser uma irresponsabilidade a afirmação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, de que ele estaria "brincando de presidir o país".

"Se foi isso mesmo eu lamento, porque não é uma palavra de alguém que conduz uma Casa. É uma irresponsabilidade. A nossa forma de governar é respeitando todo mundo e o povo brasileiro. Não existe brincadeira da minha parte muito pelo contrário. Até quero acreditar que ele não tenha falado isso", disse o presidente.

Maia fez a declaração nesta quarta (27), ao ser questionado sobre a fala de Bolsonaro de que estaria abalado por questões pessoais —uma referência à recente prisão de seu sogro, o ex-ministro Moreira Franco.

Bolsonaro esteve no fim de tarde desta quarta com empresários em São Paulo. O encontro, que estava lotado, durou cerca de 40 minutos. Segundo pessoas presentes, ele não discursou aos convidados sobre medidas de seu governo, mas deu uma entrevista coletiva às redes autorizadas a participar do evento.

Apenas Bandeirantes, SBT, NBR, Record, Rede TV e TV Cultura foram autorizadas. Ficaram de fora a Folha, o portal UOL, o jornal O Estado de S. Paulo, o jornal O Globo, a rádio CBN e a Globo News. 

Questionado por jornalistas sobre reforma da Previdência, Bolsonaro afirmou que a responsabilidade da aprovação é "de todos" e não só dele ou do presidente da Câmara.

"O passar do tempo ajuda os parlamentares a entender o que é a reforma da Previdência. Eu fui parlamentar por 28 anos, eu sei das pressões. Estamos fazendo isso não é por nós, é por nossos netos. A gente não tem capacidade de pagar mais. É responsabilidade de todos, não só minha, do presidente da Câmara, é de todos nós."

Ele disse ainda que há uma tentativa de envenenar sua relação com o Congresso.

"Da minha parte não existe nenhum problema com parlamento. Há uma tentativa de envenenar o relacionamento. Tenho um profundo respeito e admiração pelo Rodrigo Maia e pelo Davi Alcolumbre que são pessoas importantíssimas. Afinal não é um projeto meu, é um projeto do Brasil."

Entre os empresários presentes no evento esteve Daniel Feffer, um dos maiores acionistas da gigante de papel e celulose Suzano. Outro foi Fernando Marques, dono da farmacêutica União Química. O governador de São Paulo, João Doria, e o prefeito paulistano, Bruno Covas, também participaram do encontro.

Durante a entrevista coletiva, Doria pediu a palavra e atuou para apaziguar o conflito.

"Esse é um momento de paz, de tolerância, não é um momento de beligerância. Não é o momento de estabelecermos cisões entre o Legislativo, o Executivo e nem tão pouco o Judiciário", disse o governador paulista.

Doria defendeu a reforma da Previdência e afirmou que, em todas as entrevistas de Bolsonaro que acompanhou, o presidente deu gestos de tolerância.

"Eu sou testemunha nesses últimos dias, até porque tenho conversado com o presidente, do esforço que ele tem feito para manifestar claramente seu respeito pelo Congresso Nacional e pelas cortes judiciárias", afirmou.

O presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram recebidos na casa do empresário Elie Horn, fundador do grupo imobiliário Cyrela.

Horn é conhecido por sua forte atuação na filantropia. O convite enviado aos convidados dizia: "Susy e Elie Horn têm a honra de convidar para um encontro com a primeira-dama Michelle Bolsonaro em prol dos eventos sociais organizados pela Unibes a realizar-se se D'us quiser no dia 27 de março". 

O acesso à rua de Horn, na zona sul de São Paulo, foi fechada. Pelo bloqueio de seguranças, passavam dezenas de carros sedan e SUVs de luxo. Na entrada da casa de Horn, recepcionistas checavam uma lista de presença e todos eram submetidos a um detector de metais. 

O evento ocorreu em meio a uma crescente tensão nas relações entre Congresso Nacional e o presidente. A crise tem preocupado empresários, que consideram a aprovação da reforma da Previdência essencial para a retomada da economia.

No evento da Unibes, Bolsonaro disse ter ficado emocionado com o espírito fraterno da entidade e lembrou que viaja a Israel no próximo sábado (30).

Ele afirmou que quer enviar jovens a Israel para aprenderem a tecnologia da agricultura no deserto. Também falou sobre o saldo positivo das viagens aos EUA e ao Chile, afirmando que ira a China no segundo semestre.

Sobre sua saúde, o presidente afirmou que "está liberado para comer churrasquinho". Mas disse que sua condição física está 80%.

O presidente fez exame na esteira no hospital Albert Einstein. Ele disse ainda ter uma boa recuperação por ter sido atleta e nunca ter fumado.

A respeito do grafeno, Bolsonaro afirmou que estuda o material há oito anos e que o Brasil tem a segunda maior reserva de grafite do mundo.

O presidente quer potencializar a pesquisa na universidade e ser "vanguarda desse material do futuro".

Onyx tenta apaziguar

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, minimizou a troca de farpas entre Bolsonaro e Maia.

Segundo Onyx, as declarações do presidente fazem parte de sua "simplicidade" que o acompanha ao longo de sua história política. Ele disse que é comum que o presidente dê "caneladas" e depois peça desculpas.

"O presidente Bolsonaro, ao longo de sua historia política, sempre disse em algum momento sobre suas caneladas e ele, naquela sua simplicidade que lhe é característica, diz: desculpa aí, ok? Ele é assim. Eu acho que a gente precisa de um tempo de apaziguamento", afirmou ao deixar o Congresso, onde passou a tarde em reuniões com senadores para tentar acalmar os ânimos na relação entre o Congresso e o Executivo. 

Onyx disse ainda que o processo de apaziguamento na relação entre Câmara e Planalto ainda está em curso e comparou o episódio ao tratamento de febre alta. 

"Eu ainda acredito que eventuais colocações ainda fazem parte desse processo. Ainda estamos na fase do apaziguamento. Como quem tem febre alta durante um tempo. Não vai resolver na hora a febre, tem um tempinho para que ela ceda e a pessoa saia", disse. 

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