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Empresas de tesoureiro escolhido pelo PMDB foram alvo da PF
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RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O tesoureiro escolhido pelo PMDB para arrecadar recursos para a chapa presidencial Dilma-Temer, o deputado federal Eunício Oliveira (CE), é dono de empresas que foram investigadas em operações da polícia e do Ministério Público por supostas fraudes em licitações.
Uma delas foi proibida pela Justiça, em junho, de fechar contratos com o poder público --cabe recurso.
O PT declarou ao Tribunal Superior Eleitoral que arrecadará, no primeiro turno, até R$ 157 milhões. Desse total, R$ 30 milhões são a cota do comitê peemedebista.
Eunício, ex-ministro das Comunicações e atual candidato ao Senado pelo Ceará, é sócio da Confederal, com 98% das cotas (R$ 7,5 milhões) e da Manchester Serviços, com 50% (R$ 1 milhão).
Juntas, receberam R$ 422 milhões da administração direta da União entre 2004 e 2010, em contratos para prestação de serviços gerais e de segurança patrimonial.
Na Operação Sentinela, de 2004, a Polícia Federal prendeu o gerente comercial da Confederal em Brasília, sob suspeita de integrar cartel que fraudava licitações.
O gerente e outros suspeitos foram denunciados em 2007 pelo Ministério Público Federal por suposta improbidade administrativa.
Em 2007, a Operação Aquarela --deflagrada pelo Ministério Público do DF, que levou à renúncia do então senador Joaquim Roriz (PMDB)-- resultou em acusações contra a Manchester.
Em junho, o juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, Alvaro Luis de Ciarlini, determinou que a Manchester seja proibida, por cinco anos, de contratar com o poder público e ter incentivos fiscais.
Segundo a denúncia, a Manchester foi beneficiada por grupo de servidores que a contratou sem licitação. Nos dois casos, Eunício não foi pessoalmente acusado.
No último dia 25, Michel Temer (PMDB-SP), vice de Dilma (PT), instituiu um comitê financeiro próprio destinado às suas contas.
Como não há votação para vices, todo recurso arrecadado pelo comitê de Eunício se destinará, na prática, à campanha da petista. A lei prevê que a prestação de contas do vice será incorporada à prestação do comitê de Dilma.
TRANSPARÊNCIA
Junto com Eunício atuará outro deputado federal, Rodrigo Loures (PMDB-PR), candidato a vice-governador no Paraná na chapa de Osmar Dias (PDT).
Loures disse à Folha que o comitê deverá se reunir na semana que vem pela primeira vez. Segundo o deputado, o comitê contará com recursos do Fundo Partidário, que é repassado à Direção Nacional do partido.
Segundo o deputado, caso algum doador se apresente ao partido, será discutido se a doação irá para o PMDB, e de lá revertida ao comitê, ou se irá diretamente ao comitê.
A ideia da criação do comitê para o vice, segundo Loures, é "uma forma de dar transparência".
OUTRO LADO
Eunício disse à Folha, por meio de sua assessoria, que apenas "processará eventuais doações", mas não participará da arrecadação de recursos para a chapa Dilma-Temer.
"Eu não sou arrecadador de recursos, consequentemente não serei responsável por buscar recursos para campanha. Cabendo a mim apenas processar eventuais doações", disse o deputado.
A respeito das investigações em torno de suas empresas Manchester e Confederal, repetiu o que disse quando do surgimento das primeiras denúncias, em 2004 e 2007. "Não exerço qualquer função à frente das empresas citadas desde 1998", afirmou.
Indagado sobre o conteúdo das investigações, Eunício respondeu que "qualquer esclarecimento sobre a questão deve ser direcionado aos diretores/gerentes responsáveis pelas empresas".
Eunício também enviou à reportagem cópias de certidões expedidas pela Receita Federal, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pela Justiça Federal, nas quais "nada consta" sobre o deputado.
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