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25/08/2010 - 13h34

Gabeira diz que Lula e Cabral contemplam aliados com cargos

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DO RIO
DE SÃO PAULO

O candidato do PV ao governo do Rio, Fernando Gabeira, afirmou hoje, durante sabatina Folha/UOL, que o método adotado pelas administrações de Luiz Inácio Lula da Silva em âmbito nacional e de Sérgio Cabral no Estado do Rio é contemplar os apoiadores com cargos. "Você mantém todos siderados pelo poder em funções dos benefícios do poder", disse.

"Os métodos do PT e do Cabral são semelhantes, é o que chamo de Arca de Noé: Você assume o governo e traz todo mundo que quer de alguma forma apoiar e quer também um empreguinho. A coligação do Cabral não tem nem tempo de dizer todo mundo que o apoia, de tanta gente. [Essa política] tem uma eficácia enorme no Brasil porque você contempla a pessoa com um cargo e ela fica sempre satisfeita e na esperança de melhorar o cargo. Aqueles que ainda não tiveram cargo estão sempre na esperança de conseguir um. Essa tática é muito poderosa. Nós propomos outro caminho: não vamos fazer loteamento político dos cargos. Isso é uma crítica também ao PT e ao Lula", afirmou.

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Gabeira também falou sobre o fato de ter o apoio de dois candidatos a presidente --José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV)-- nas eleições.

"A ambiguidade permanece. Toda vez que estou com a Marina, me pergunta pelo Serra. E quando estou com o Serra, me perguntam por ela. Quando estou sozinho, dizem que estou muito sozinho. Quando estou com alguém da minha coligação, dizem que estou mal acompanhado. Temos que humildemente aceitar as ponderações e explicando que o caminho é esse. Minha candidata é a Marina, mas tenho o apoio do Serra", disse.

PASSAGENS

O candidato assumiu ter errado ao comprar passagens a seus familiares com a cota da Câmara. "Havia um escândalo no Parlamento e para denunciar era preciso contar que eu também tinha usado as passagens. Após a denúncia eu devolvi o dinheiro."

Rafael Andrade/Folhapress
Fernando Gabeira participa de sabatina da Folha/UOL
Fernando Gabeira participa de sabatina da Folha/UOL

Gabeira disse que abriu mão de seu "destino pessoal" para participar do pleito fluminense. "Num determinado momento, deixei de considerar meu destino pessoal e passei a considerar a situação do Estado. No Rio, é necessário uma candidatura de oposição para marcar a força democrática do Rio. Não era possível caminhar no Rio num tipo de partido único, candidatura única, que hoje alguns setores também desejam caminhar no Brasil. É necessário o choque de ideias, a democracia. Por isso, decidi cumprir esse papel. Em momentos históricos, é melhor enfrentar conjunturas extremamente desfavoráveis do que não enfrentá-las."

Ele disse que, financeiramente, tem uma candidatura pobre, mas aposta na internet para fazer campanha e ganhar votos.

Segundo a última pesquisa Datafolha para o governo do Rio, o governador Sérgio Cabral (PMDB) lidera a disputa com 57% das intenções de voto, o que lhe garantiria a vitória no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Gabeira, com 14%, ocupa o segundo lugar.

O candidato afirmou também que o PV está em plena transformação. "O PV de 2010 é um PV que está em plena transformação. Quando eu deixei em 2001 eu achava que a tarefa nacional era realizar uma candidatura de esquerda e de frente e o PV era contrário a candidatura de Lula e eu achava importante esse projeto. Com a entrada da Marina o partido se alterou."

DITADURA

Questionado sobre o passado comum com a candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, devido ao combate à ditadura militar, Gabeira afirmou que ele e os demais envolvidos na luta armada contra o governo de então não buscavam a democracia, mas sim uma "ditadura do proletariado".

"Temos [eu e Dilma] um passado comum, mas existem diferenças no que foi a nossa atuação. Nós participamos dessa luta [contra a ditadura], mas com objetivos diferentes". disse Gabeira.

"Todos os principais ex-guerrilheiros que se lançam na luta política costumam dizer que estavam lutando pela democracia. Eu não tenho condições de dizer isso. Eu estava lutando contra a ditadura militar, mas, se você examinar o programa político que nos movia naquele momento, [ele] era voltado para uma ditadura do proletariado. Então, você não pode voltar atrás, corrigir seu passado e dizer que estava lutando pela democracia. Havia muita gente lutando pela democracia no Brasil, mas não os grupos armados, que tinham como programa esse processo de chegar à ditadura do proletariado. A luta armada não estava visando a democracia, pelo menos em seu programa", afirmou.

Gabeira também criticou a comparação, feita pelo presidente Lula, entre os presos políticos de Cuba e presos comuns brasileiros. "Outra diferença [entre Gabeira e os petistas] é que eu não tenho nenhuma condescendência com as ditaduras de esquerda."

TEMAS AMBIENTAIS

O candidato afirmou que se decepcionou com as administrações esquerdistas quanto aos temas ambientais. "Tenho uma grande tristeza quando vejo o que a esquerda fez com o meio ambiente nos países chamados socialistas. Viajei muito pelo leste europeu e pude perceber o desastre ambiental que eles produziram. Nesse campo, para mim, a esquerda não significa um avanço", disse.

"É claro que o capitalismo também produziu inúmeros desastres, mas hoje nós vemos dentro do capitalismo um movimento mais positivo em relação à superação das dificuldades ambientais do que no chamado socialismo real ou na própria visão de governo da chamada esquerda. No que diz respeito ao meio ambiente, eu considero que a esquerda está lá atrás."

TRAFICANTES

Gabeira afirmou que o governo do Rio de Janeiro permite a convivência com os traficantes na Rocinha. Ele citou que integrantes do atual governo participaram do enterro do vereador Claudinho da Academia, morto há dois meses e investigado por ligação com traficantes da favela.

No sábado, traficantes da Rocinha e policiais trocaram tiros em São Conrado. Um mulher morreu, quatro policiais ficaram feridos e nove traficantes foram presos depois de invadirem um hotel de luxo no bairro.

''O que aconteceu no hotel é que foi colocado para negociar o Feijão, um dos representantes da associação de moradores, que é acusado de ser ligado ao tráfico. O que ocorreu foi um processo político. O próprio Nem [chefe do tráfico] determinou que eles entregassem as armas. Esse processo continua existindo na Rocinha. É um processo de convivência. Eu sou contra a convivência. Acho que a dominação territorial armada tem que acabar na Rocinha'', disse.

DROGAS

Gabeira disse que a polícia do Rio não está preparada para a legalização das drogas, uma das suas mais antigas bandeiras políticas. "A minha experiência particular na Holanda e em Londres, me fizeram acreditar nisso. Só uma polícia muito avançada pode trabalhar assim. Ao contrário do que se pensa, o controle nesses lugares é muito mais sofisticado. Na Holanda, os coffe-shops têm câmeras. Essas experiências são avançadas, mas com a dificuldade que temos hoje, a polícia mal paga...", disse.

INVESTIMENTOS

Gabeira afirmou ter preocupações em relação à onda de investimentos que o Estado do Rio deve receber nos próximos anos.

Sobre os investimentos que serão direcionados ao Rio, por conta de Olimpíadas 2016 e Copa do Mundo em 2014, o deputado afirmou ter uma preocupação: "As obras têm de andar em dia, para evitar o afrouxamento dos requisitos legais, e deve haver transparência".

Outra questão, segundo o candidato, é preparar o Rio para ser realmente um centro turístico internacional. Não apenas a capital, mas envolvendo todo o Estado. Gabeira acha possível construir uma infraestrutura pra unificar o Estado. "É possível, por exemplo, construir uma estrada de ferro para unir o Rio à rua Teresa, em Petrópolis." Além disso, ressaltou a importância de qualificar o pessoal no Rio de Janeiro.

"Quanto a onda do pré-sal, preocupo com alguns caminhos: os investimentos do petróleo devem ser feitos de forma a não ficarmos tão dependentes do petróleo e ficar com o que chamam de 'doença holandesa', que é depender de importar tudo", afirmou o candidato.

Para ele é preciso uma avaliação ambiental estratégica. Há muitas espécies que são exatamente na área do pré-sal. "Além de sujar, o petróleo acaba. O que será o Estado quando acabar o petróleo. É preciso estar preparado para isso."

 

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