Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/09/2010 - 12h14

Governador do Amapá diz ser inocente e lança dúvidas sobre operação da PF

Publicidade

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)

Atualizado às 13h23.

O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), que depois de nove dias preso pela Polícia Federal reassumiu ontem seu função, disse em seu primeiro pronunciamento oficial ter confiança em sua inocência e lançou dúvidas sobre a neutralidade da operação policial que resultou em sua prisão.

"Povo do Amapá, nesses dias de provação que passei, nas minhas reflexões de cada dia, o que sempre vinha ao meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de provar a minha inocência", discursou Dias, em uma espécie de auditório do palácio do governo, a uma plateia composta de funcionários estaduais e jornalistas, por volta das 10h.

Dias, que concorre à reeleição, foi um dos alvos da Operação Mãos Limpas, feita pela PF no último dia 10. Ele e outras 17 pessoas foram presas, dentre eles seu antecessor no cargo, Waldez Góes (PDT).

Solto, governador é recebido com festa na volta ao Amapá
Acompanhe a Folha Poder no Twitter
Conheça nossa página no Facebook

Eles são suspeitos de articular um megaesquema de corrupção, que pode ter desviado mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos.

Segundo o governador, durante todo o tempo em que esteve preso, ele nunca foi ouvido, nunca teve direito de se defender das suspeitas.

"O que eu passei, não desejo para ninguém", afirmou. "Você ser acordado às seis horas da manhã, contra você um mandado de prisão, ter sua casa vasculhada, diante de seus filhos. Ter sua vida pessoal devassada, diante da sua família", disse.

Um dos principais personagens do suposto esquema é Livia Gato, assessora da Secretaria da Educação e apontada como amante de Dias. Em interceptações telefônicas, eles dizem se amar e conversam sobre o que os policiais dizem ser negociatas.

Em um momento do discurso, Dias declarou: "E ali, sozinho naquela sala --em minhas conversas diárias com Ele [Deus]-- eu perguntava: por que? A quem interessa a minha derrocada? A quem interessou esse tumulto, toda essa confusão?"

"Pergunte ao seu vizinho, consulte seu amigo. Faça a mesma pergunta para eles. Tenho certeza que --quando você perguntar para você mesmo e para as pessoas à sua volta-- saberá a resposta correta."

Segundo seus correligionários, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) agiu para que a operação ocorresse, em alegado benefício a Lucas Barreto (PTB), outro candidato ao governo --mesmo tendo o próprio senador sido citado por uma das testemunhas do caso.

A PF nega influência política em seu trabalho. Sarney nega ter participado de qualquer irregularidade.

'LADRÃO'

Logo após a fala do governador, um grupo de aproximadamente 150 manifestantes, composto de estudantes universitários e integrantes de movimentos sociais, foi até a porta do palácio e, com a ajuda de um carro de som, chamou Dias de "ladrão".

"Ôoo, o ladrão voltou, o ladrão voltooou", diziam. Dezenas de funcionários públicos foram para a porta do palácio observar a movimentação. Da calçada, alguns deles começaram a xingar e a fazer gestos obscenos para os manifestantes.

A tensão da discussão aumentou e quase houve briga. Ao final, policiais militares levaram dois manifestantes e um funcionário para uma delegacia. Em relação aos manifestantes, a alegação foi a de que eles estavam insultando uma autoridade. Sobre o funcionário, que ele estava incitando a violência.

Editoria de Arte/Folhapress
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página