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PSDB escala FHC para buscar apoio de Marina; PT quer ajuda de amigos da senadora
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BERNARDO MELLO FRANCO
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
Aliados de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) começaram o cerco para tentar atrair o apoio de Marina Silva (PV) no segundo turno da eleição. As duas campanhas escalaram emissários para abrir as conversas em nome dos presidenciáveis.
Ontem, a senadora deu novos sinais de que pretende se declarar neutra. Ela trava disputa com a direção do PV para impedir uma adesão imediata da sigla a Serra. Marina recebeu ligações dos dois candidatos, mas não quis marcar reuniões com eles.
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O PSDB escalou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para iniciar uma aproximação. Do lado petista, a tarefa caberá ao governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner, e aos irmãos Tião e Jorge Viana, do Acre.
Os tucanos contam com o esforço de dois aliados no PV: o candidato derrotado ao governo do Rio, Fernando Gabeira, e o secretário do Meio Ambiente da prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge.
Ontem, Gabeira declarou voto em Serra e disse que conversará com Marina sobre o assunto, mas "sem a intenção de convencê-la". A estratégia tucana é esperar que FHC quebre as resistências da senadora a Serra.
A relação dos dois chegou ao pior momento no debate da TV Globo, quando o tucano a acusou de ter participado do "governo do mensalão".
Em outra frente, o governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) foram acionados para negociar com deputados e vereadores do PV. Eles ajudariam a forçar o apoio institucional da sigla a Serra caso Marina insista em não declarar voto.
O PT escalou amigos da senadora como emissários. Wagner já tentou conciliar verdes e petistas na campanha, quando o ministro Juca Ferreira (Cultura) anunciou apoio à petista. Os irmãos Viana ainda são os principais interlocutores dela no PT, embora tenham apoiado Dilma no primeiro turno.
A petista afirmou em Brasília que não espera atrair o apoio do PV, mas da senadora. "Eu dou muito valor à Marina. Eu respeito a Marina como militante política e acredito que temos mais proximidades do que diferenças. Agora, isso é questão de foro íntimo da Marina", disse.
SEM PROMESSAS
Ao relatar os telefonemas de Dilma e Serra, Marina ressaltou que não prometeu apoio: "Ambos telefonaram para parabenizar pela contribuição que demos ao país e manifestaram o desejo de ter a oportunidade de conversar, caso eu ache oportuno e no momento adequado".
A senadora voltou a indicar que pretende se declarar neutra. Ela repetiu o discurso de que os votos não pertencem a ela, indicando que não dirá a seus eleitores como se comportar: "O cidadão é dono do seu voto. O voto não é da Marina, do Serra ou da Dilma, é do eleitor".
Questionada se poderia apoiar um dos dois após repetir várias vezes que eles são "muito parecidos" e têm uma "visão atrasada" do desenvolvimento, ela sorriu e não respondeu.
O coordenador da campanha verde, João Paulo Capobianco, fez coro ao discurso. "Se os candidatos quiserem o apoio dos eleitores da Marina, eles têm de convencer os eleitores. A Marina não é dona do voto de ninguém", afirmou Capobianco.
A senadora estuda usar o momento para tentar arrancar promessas de Dilma e Serra em questões sensíveis a ela, como a mudança do Código Florestal e a construção da usina de Belo Monte.
Colaboraram NANCY DUTRA, SIMONE IGLESIAS e MÁRCIO FALCÃO, de Brasília
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