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30/12/2010 - 07h00

Para EUA, reação do Brasil foi débil em crise com Bolívia

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DE CARACAS

Os EUA acompanharam com despachos detalhados o desenrolar da crise entre Brasil e Bolívia após a nacionalização dos hidrocarbonetos em 2006. Após conversas com interlocutores no governo brasileiro, vaticinaram: "No âmbito político, Lula e sua equipe de política externa não poderiam estar pior do que estão agora".

Os telegramas da representação diplomática americana em Brasília, vazados pelo WikiLeaks (www.wikileaks.ch), comentam que Lula e o governo estavam convencidos de que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, havia atuado para radicalizar as ações de Evo Morales contra as refinarias da Petrobras na Bolívia.

Acompanhe a cobertura completa do caso
Veja como funciona o WikiLeaks
Veja as principais revelações do WikiLeaks
Leia íntegra dos arquivos do WikiLeaks obtidos pela Folha

A Folha é um dos sete veículos de imprensa que possuem acesso antecipado ao material.

Ainda assim, a reação brasileira foi débil, avaliam os EUA. A crise, ironizam, seria um revés para "a teologia do governo Lula sobre uma nova era de 'integração regional' liderada pelo Brasil".

O comentário enviado pela embaixada em 3 de maio de 2006, dois dias depois da nacionalização boliviana, é peremptório em dizer que na "imaginação popular", "Lula era cada vez mais visto como alguém atropelado, manipulado e enganado pelos 'hermanos' Chávez e Morales".

Dois dias mais tarde, outro telegrama descreve a explicação brasileira para a situação: "Nós não podemos escolher nossos vizinhos. Não gostamos do modus operandi de Chávez ou das surpresas de Morales, mas temos de lidar com esses caras de alguma maneira e manter a ideia de integração regional viva", teria dito Marcelo Biato, então da assessoria internacional do Planalto e hoje embaixador em La Paz.

PARCERIA ANTIDROGAS

A série de telegramas que comentam a relação La Paz-Brasília vão de 2006 a 2010 e também revelam que o Brasil propôs, em 2009, que os EUA integrassem um ação trilateral para combater o narcotráfico na Bolívia, num movimento considerado inusual pela diplomacia americana.

O texto diz que, ao contrário da Polícia Federal, o Itamaraty sempre resistiu a ações de agentes dos EUA no país ou nos vizinhos.

Diz que o Itamaraty "quase impediu" que os agentes da DEA, a agência antidrogas americanas, fossem realocados no Brasil após serem expulsos da Bolívia em 2008.

A avaliação da representação americana em Brasília é que a mudança de atitude se deveu à "uma combinação de fatores": preocupação com a piora do problema do narcotráfico; a inabilidade do país para substituir a DEA na Bolívia, como La Paz desejaria; a dificuldade de trabalhar em campo com os bolivianos e o reconhecimento de que "levará anos" até que esforço regional de combate às drogas dê resultados.

Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de Brasília

 

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