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Para Chefe da Segurança Institucional, não é vergonha existir desaparecidos políticos
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BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
O novo chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República, general José Elito Siqueira, afirmou hoje, após tomar posse no Palácio do Planalto, que a existência de desaparecidos políticos durante a ditadura militar (1964-1985) não deve ser motivo de vergonha nem de vanglorização, mas tratado como "fato histórico".
"Nós temos que ver o 31 de março de 1964 como dado histórico de nação, seja com prós e contras, mas como dado histórico de nação. Da mesma forma, os desaparecidos são história da nação, que nós não temos que nos envergonhar ou nos vangloriar. Nós temos que enfrentar, discutir, estudar como fato histórico", afirmou o general, em entrevista após receber os cumprimentos de cerca de 300 militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Defendendo um "olhar para a frente", Elito Siqueira se mostrou contrário à criação de uma Comissão da Verdade, como defende a nova secretária de Direitos Humanos, Maria do Rosário.
O governo enviou ao Congresso, em 2010, um projeto de lei que cria a comissão da verdade, "com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas" e "promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior".
SITUAÇÕES ISOLADAS
O general chamou de "situações isoladas do passado" os alvos de uma eventual Comissão da Verdade: o esclarecimento de episódios de torturas e desaparecimentos.
"Temos é que pensar pra frente, na melhoria do nosso país para as nossas gerações, e podemos estar perdendo tempo, espaço, velocidade se ficarmos sendo pontuais em situações isoladas do passado", afirmou.
O comandante do Exército, general Enzo Peri, presente à cerimônia de transmissão do cargo a Elito pelo general Jorge Armando Félix, também se mostrou contrário à criação da Comissão da Verdade, mas foi mais econômico nas palavras.
"Temos que construir o futuro, o importante é isso, não é isso?"
José Elito Siqueira negou que haja conflito entre os setores militar e de direitos humanos e, apesar de sua posição pessoal em relação a uma eventual investigação oficial sobre episódios do regime militar, afirmou que os militares são funcionários do Estado e que, portanto, as determinações do governo serão cumpridas.
"Nós somos funcionários de Estado. O que o Estado determinar, cabe a nós, funcionários do Estado, cumprir. Vamos fazer com a maior das boas intenções, porque todos nós vamos agir em benefício da nação", afirmou.
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